Uma pelúcia aos 30.

terça-feira, dezembro 23, 2008




Um bicho de pelúcia aos 30 não é lá uma coisa à ser anunciado aos quatro ventos. Não é legal comentar na roda de amigos, entre uma cerveja e outra. Não pega bem revelar isso no intervalo do cafezinho ou no inicio de uma reunião de trabalho. Imagina se ainda por cima, sabem que você anda dormindo abraçado, bem apertado, sentindo o cheiro do poliéster novo? Já não bastava dormir com uma siamês vesga e agora essa novidade, uma pelúcia?

Aos meus olhos isso não é vergonha. Vergonha mesmo é nunca saber quando usar uma crase, divisão com mais de dois algarismos e gostar de futebol.

A tríade da vergonha em minha vida.

Drops do dia: Menopausas, comida cara em pratos rasos e Woody Allen fazendo nas coxas.

terça-feira, dezembro 16, 2008


Sábia e pitoresca, a natureza ordenou às até então mulheres primitivas das cavernas que caso quisessem andar eretas e sob saltos gigantescos, uma única condição seria necessária: na 3ª idade, a menopausa surgiria para evitar uma competição reprodutiva entre as mais novas. Um “desperdício evolutivo”, dizem os cientistas. Mas não concordo. Conheço uns japoneses que vão contra esse padrão natural.



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Publicada nos principais jornais desse domingo (14/12/2008), uma pertinente crônica da Danuza Leão falava sobre restaurantes chiques com seus pratos parcos em quantidade, mas expansivos em seus preços. Ela sintetizou exatamente o que a grande maioria deve pensar em relação a ser um apreciador de uma boa culinária e que, no fundo, todos fingem achar normal tais preços. “Um camarão sozinho num prato: fala sério. Mas os restaurateurs, além de estarem fazendo muita gente de boba, devem estar bilionários, pois esse tipo de comida é caro. Aliás, caríssimo”.

Não largo meu cuzcuz com leite em pó por nada nesse mundo!



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Também adorei outra crônica dominical, mas essa é do Veríssimo. Foi sobre Woody Allen e seu mais recente filme, “Vicky Cristina Barcelona". Ele disse: “Dá para imaginar o Woody Allen escrevendo o roteiro em cima da coxa, no quarto do hotel, louco para voltar para casa. Há personagens que aparecem e desaparecem sem função ou explicação, e o Woody Allen poderia ter nos poupado, e ao seu currículo, o pai pintor do Javier Bardem, que não pinta mais porque há pouco amor no mundo".

Lembro que quando fui assistir, eu estava com uma dor de cabeça horrível, culpa do meu vicio infeliz por café. Estava na “bruxa”, nem uma gota da droga na mente. Achei que não tinha sacado algo, burrice devido a dor. Mas que nada, a parada foi ruim mesmo! Até então eu tinha ficado calado, sem dizer a ninguém que achei uma droga. Não ouso falar mal do Woody! Não mesmo! Deixo esse árduo trabalho para o Verissimo!

Internet Porn

segunda-feira, dezembro 15, 2008



Útil e excelente modo para apresentar propostas, teses, números e gráficos... E que talvez aposente o velho PowerPoint!



Renovando de novo.

sábado, dezembro 13, 2008

Não ficou lá essas coisas, mas acho que está bom. Tenho uma "coolhunter" particular que vai dar o veredito final. Por enquanto, deixa estar como está...

Readymade - On Point and Red

quarta-feira, dezembro 10, 2008










" a chill falls inside
lamp decaying light
view from incomplete park
more windows than stars

a layer concrete
to step isolate
the state of my mind
bordered by power lines
and the grid underneath me"



Foto do dia: Focinho gelado.

segunda-feira, dezembro 08, 2008





Enquanto reestruturo o blog, estudo para uma prova final de Planejamento em Comunicação e re-escrevo meu pré-projeto (o qual recebi míseros 2,0!), uma bela e inusitada foto da Jornalista e escritora Ana Carmen Foschini. Só para aliviar por segundos o dia quente e "trovejoso" que nos surpreendeu nesses "tempos de fim dos tempos"!



O flickr de Dona Carmen: http://www.flickr.com/photos/anacarmen/2532497093/

Amanhã, em meus headphones: Dntel - (this is) the dream of evan and chan

segunda-feira, dezembro 01, 2008




Você gosta de ruídos eletrônicos que surgem de sonhos de estranhos?
Você gosta de viajar com sua mente através de janelas de ônibus?
Você gosta de isolar-se do mundo por intermédio de seus headphones potentes?
Você certamente vai gostar de Dntel.
Por isso, "Ringing ringing ringing ringing ringing off...



Mallu Magalhães: o biscoito recheado do folk rock adolescente

Ontem (29/11/2008)fui ver Mallu Magalhães. Fui vê-la com toda aquela carga de menino sabido com longos anos de vivencia rock and roll, neste inicio de minha fase “balzaquiana” com anos de experiência no consumo voraz de literatura, cultura pop e musica. Em outros termos, eu fui assisti-la com quilos de preconceito nas costas. O motivo dessa pré-conceituação da garotinha fofinha que toca folk-rock é que aprendi com Nelson Rodrigues que toda unanimidade é burra. Logo, o que todo mundo diz que é bom (ainda mais influenciado por doses maciças de mtv, youtube e myspace), deve ser analisado ou descartado sem nenhum tipo de aprofundamento. Mas mesmo assim, resolvi dar uma chance a moça.

Foi engraçado, talvez até vergonhoso, mas lá estava eu na fila de ingressos que crescia na proporção que o Sol ia se pondo. Estava lado a lado com essa nova geração de adolescentes, criados por tv, vídeo-game e internet. Meus 30 anos roçavam com púberes meninas que davam os primeiros passos em sua vida de rebeldia de playground, fumando maços de Malboro ou cigarrinhos indianos perfumados. No fundo, eu me divertia. Imaginava que um dia, cada uma delas, estariam viciadas em coisas mais atraentes: viciadas em seus filhos, em seus amores confusos, em suas religiões pentecostais que bravejam o fim do mundo, viciadas em seus trabalhos de profissionais bem sucedidas e viciadas em alguma droga que substitua todos esses outros vícios com apenas uma aplicação intra venal ou um trago na fumaça que nasce do crepitar de uma pedrinha mágica.

Vergonhas a parte, garanti o meu ingresso. Cheguei no meio da apresentação da
Matiz, banda que nada me despertou. Mas despertava o entusiasmo de umas 100 pessoas que cantavam algumas canções junto com a vocalista. Na quarta lata de cerveja, terminaram o seu set. Instrumentos desmontados em segundos para dar lugar a segunda atração da noite. Quem era mesmo? Uma tal de Silvia Macheti. Mas quem seria essa Silvia? Tinha lido um breve comentário em algum lugar. Era algo como uma perfomancer que teve aulas de canto, dança, teatro, circo, malabares e sei lá mais o que. Não me lembrava muito.

Eis que sobe ao palco uma moça com um vestido rosa, estilo
Jackie "O" e com uma pomba enfeitando a cabeça. Magrinha, nariz acentuado e afilada. Parecia uma Amy Winehouse comportada. Mas apenas parecia. O que aconteceria depois dessas primeiras impressões, seria a minha primeira e grande surpresa da noite. Silvia trouxe além de sua voz poderosa, um humor corrosivo, inteligente e surreal. Esperta, foi se mostrando aos poucos, em pequenas e leves doses de loucura transgressora, para não chocar a garotada. Cantou suas canções com muito charme, transformou “Sweet shine o mine” do Guns and Roses em Bossa-Nova, Bossa-nova em hardcore, fez uma garota da platéia chupar o seu dedão do pé e acendeu um baseado enquanto rolava desvairadamente um bambolê em sua cintura fina. Silvia é muito mais rock do que qualquer grupo de tatuados com piercing e alargadores nas orelhas, com cara de mau empunhando guitarras-falos que só arrepiam garotas bobas. Muito mais arrepiante e verdadeira do que rapazes barbudos e de All Stars surrados cantando sobre perdas amorosas em ritmo desacelerado. Em resumo, Silvia bota para fuder de forma fantástica!

                                           



Agora vamos a Mallu.

Sabendo que a menina estava prestes a iniciar seu show, o público se aglomerava na frente do palco. Meninas com o mesmíssimo visual de Mallu surgiam aos montes. Algumas com coletes pretos sobre camisas brancas e boinas na cabeça. Algumas com franjas para o lado e óculos de grau gigantescos. Outras, filhas bastardas da cultura de massa, vestiam calças justas verde-cana e camisas em silk screen do cult “Laranja Mecânica”. Novas gerações, novos filmes de culto. A menos de quatro anos, toda menina baiana indie queria viver coisas simples, sentir o sol da manhã, sentir feijões na mão e ser Amelie Poulin. E agora, o que elas querem ser? Desejam ultra-violencia? Anarquia desenfreada? Delinqüência burguesa? Tomar leite e estuprar garotas? Só deus (ou o diabo) sabe!

Havia também meninos brancos, com feições blasé e roupas de grife. Escreviam em cartas de baralho, recados para a cantora. Uma imagem enigmática para minha mente. Por que baralhos? Qual a seria a estranha ligação? Mallu curte poker? Ou seria a facilidade de jogar seus desejos e declarações de forma mais eficaz à sua heroína? O que acredito é a mesma coisa que o Cazuza também acreditava: querendo ser ingleses, nós, caboclos, seguimos estilos e formas de ser baseados naqueles que nos colonizam. E a colonização agora é cultural.

Então, ela sobe ao palco. Rápida como um ratinho, ela se movimenta como um garoto desengonçado. Mas, meu deus, choque para os garotinhos com cartas de baralho na mão! Eles abrem a boca, sorriso metálico á mostra: Mallu usa o clássico vestidinho de fitas do senhor do Bomfim. Paninho simples, baratinho. Vejo balões de pensamentos na cabeça dos moleques: “Pô, por que ela não veio de nerd-folk?” Ela nada diz e vai logo tocando seu banjo. Publico quieto, calado. A multidão se aglomera ainda mais e apenas observa. Milhares de olhos como zumbis sem alma, apenas olhando, apenas degustando Mallu.

É isso. Um insigh cai sobre minha cabeça. Todos querem degustar Mallu! Todos querem entender o porque do fascínio. Todos querem saborear seu jeito infantil, ingênuo(?), que interpreta canções de velhos encrenqueiros de country e folk music. Dentro de Mallu há resquícios de boa musica, de canção pop perfeita, “cantarolável”, “assoviável”, inesquecível. É como um biscoito recheado. Dentro de Mallu há a voz de garotinha esperta, restos de Bob Dylan, Johnny Cash, Beatles. Por isso todos apenas olham atentamente, devorando-a, sentindo o gosto, o prazer de tudo do que há embutido dentro de seu magro corpo, dentro de sua mente adolescente que só diz bobagens. Meninos, meninas, senhoras e senhores. Todos zumbis, devorando Mallu e suas musicas simples.

Claro que acho nojento tudo isso. Claro que não vejo nela nenhuma espécie de salvação da musica nem nada que o valha. Claro que para meus olhos ela é só uma boa artista, com uma voz afinada. Ela sabe fazer canções pop legais, isso é fato. Mas o nojento em Mallu é o hype em torno dela. O nojento em Mallu é justamente o frisson que é feito em torno de algo que poderia fluir muito mais leve e sincero se não fossem as pessoas. As mesmas pessoas que a imitam na forma de vestir, as mesmas pessoas que quebraram a cara quando ela chamou o Olodum ao palco. Nunca imaginei que um banjo combinaria tão perfeitamente com samba-reggae!


                                                   

Fim da festa, hora de voltar para casa. Garotos com olhar blasé e gangs de meninas de calça verde-cana voltam para seus universos de rebeldia vigiada em playgrounds e shopping centers. Em seus Ipods, Mallu Magalhães irá tocar por um bom tempo. Do meu lado, andei um pouco pelo Pelourinho, bebi duas cervejas em algum beco sujo, observei gatos perderem a elegância comendo restos de lixo de comida amontoado num canto da rua. Observei seres humanos perderem sua dignidade comendo do mesmo lixo de restos de comida que os gatos vadios se fartavam.

Mas como diz Mallu, “Behind the sad I showed her the life is really fun” (Atrás do triste, eu mostrei para ela que a vida é realmente engraçada..)






Pod-crônica: Enfrentando a escuridão

quarta-feira, novembro 26, 2008

Um corriqueiro happy hour, uma conexão wi-fi e um vazio que só pode ser preenchido apenas por aquele que o sente. Uma “pod-crônica” para os tempos modernos. Trabalho para a disciplina "Jornalismo On-line II".




Pensamento rápido do dia.

terça-feira, novembro 25, 2008

Se no futuro os blogs morrerão, então eu serei necrófilo!

Momento fim-dos-tempos: Raptor Jesus

quinta-feira, novembro 20, 2008





Você sabe o que é o Raptor Jesus?
Pois se souber, me diga!





The Black Hole


Um surreal curta dos independentes Phil Sansom e Olly Williams, premiados diretores britânicos. "Black Hole" foi o grande vencedor do "Virgin Media Short Awards" deste ano.

Os proto-blogs de Julio Cortázar

quarta-feira, novembro 19, 2008






Perambulo pelo shopping. Ânsia de ter. Comprar objetos com felicidade embutida. Tecnologias modernas que te conecta ao mundo. Não há dinheiro. Ou dinheiro insuficiente para luxos high-tech. Entro na livraria.

Dedos abrem e fecham diversos livros. Olhos consomem palavras rapidamente. Frases aleatórias pulam das páginas. Penso em dinheiro fácil, em sucesso na carreira, em ter seguidores (no mundo moderno você tem seguidores, não amigos), layouts de blogs, podcasts que tenho que ouvir, fotos engraçadas para fotolog. Preocupações medíocres.

Amiga invisível de longas datas, essa minha mediocridade. Tantas coisas mais urgentes na vida e a maturidade clamando por bobagens que dão apenas prazer. Para uns há retorno financeiro. Mas ainda não saquei como isso ocorre. Vida real, idem na vida virtual: lagartixa nunca chega a jacaré!

Bom, não importa. Encontrei Julio Cortazar e seus textos-drops inspiradores. Os dois livrinhos, capa cinza quase prateado, figuras entre os textos. Os dois. Ambos "cheios de memórias, artigos, poemas, contos curtos, ensaios, recortes de notícias..." Argentino bacana, descrito por Llosa como um escritor cheio do "impudor adolescente". Sob as luzes amarelas do lugar e do frio artificial de ar processado, eu me encantei. Preciso aprender com Julio, pois como ele "escrevo por incapacidade, por descolocação".

O vendedor se aproxima e pergunta se preciso de ajuda. "Ajuda" aqui pode ser interpretada como "vai levar ou não vai porra?" Respondo: "Por enquanto só olhando... Mas mês que vem eu compro."

Ah Julio, se tu soubesse o quanto essa internet fode minh´alma!
Se tu soubesse que só vou te conhecer melhor com a ajuda do meu 13º!



Leia mais aqui.




Poesia Urbana

terça-feira, novembro 18, 2008




Vi tons de laranja no horizonte sujo de Salvador. Vi prédios novos nascendo para o campo azul do céu. Vi carros nervosos escoando pelas negras avenidas de asfalto. Senti a poluição nos olhos, no olfato e na epiderme. O calor de um grande centro urbano no quase final do dia, de um quase verão escaldante.

O concreto sob milhares de pés vindos de todos os lugares e indo para todos os lugares. A doença humana em seus múltiplos afazeres diários. Praga destrutiva do ambiente e de si mesmo. Raça que se reconhece no espelho todas as manhãs. Consumidora de seu próprio lixo. Amante da vida inteligente, ágil e confortavelmente moderna. Construtora de sua própria destruição.


Eu vi a noite cair sobre você. Vi suas luzes artificiais nascerem vagarosamente em postes de cimento e metal. Os ninhos de fios de cobre. Os pássaros de aço. Ouvi os sussurros tímidos entre antenas de celular. Segredos e imagens suspensas ao redor de nossas cabeças. Sonhos receptados em televisão de plasma. Sonhos receptados em minha antena de carne, que descansa profundamente nesse papelão imundo.







Conhece Dexter?



"Dexter é perfeito. O roteirista da série ou é um psicopata ou alguém que viveu intimamente com um."

Ana Beatriz Barbosa Silva, psiquiatra e autora de Mentes perigosas: O psicopata mora ao lado, após assistir a primeira temporada de Dexter, série da FX sobre um serial killer que só mata assassinos.



Evolução

segunda-feira, novembro 10, 2008




"Evolução presidencial norte-americana", de Patrick Moberg.

Ao menos visualmente, a mudança é real.

Eric Wolman, o fotografo das ruas

domingo, outubro 26, 2008



Um fotógrafo sai às ruas de Nova York. Poderia ser mais um entre tantos, mas tem consigo algo peculiar. Seu olhar não enquadra as famosas avenidas e prédios e, tão anônimo quanto a imagem daqueles que captura em seu diafragma, sua missão é eternizar em fotografias, a alma da  metrópole. Ou seja, as pessoas comuns e suas historias. 



Bonecas russas cibernéticas

quinta-feira, outubro 23, 2008



Bonecas russas cibernéticas. Rabiscos geométricos oníricos em cadernos escolares. Traços simples de significados fantásticos. Rostos infantis apáticos sonolentos e distantes. Olhos negros, levemente puxados de asiático alienígena. Design de pensamentos impossíveis.




+ https://www.behance.net/merdanchik

Culinária Pop: Sunday Mikey Mouse



Camundongo encontrado em sunday do McDonalds, no shopping Grande Rio(RJ)no dia 30/08/2008.

Tudo que eu precisava para pagar minhas contas.


Update 01: não aconteceu comigo. Recebi por e-mail.

Update 02: isso foi uma armação.


A fenomenologia do ambiente

sábado, setembro 27, 2008

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Profundo, vagaroso, etéreo, sideral.

Baixei esses dias a coletânea belga de ambient music Freezone 1: The Phenomenology of ambient, de 1994. Relaxei profundamente com as faixas de artistas clássicos do gênero como Solar Quest, Moby, Terre Thaemlitz, Ken Ishii, Geir Jenssen (aka Biosphere), Air (aka Pete Namlook), entre outros.


Ótimo para leituras de ficção cientifica ou mesmo para navegar a deriva através desse eterno mar de informações que é a web. 

Em particular, aprecio estudar ao som desse álbum. Há algo em sua sonoridade que abre o cérebro e o faz mergulhar no que está se lendo. Ou mesmo te faz cair na paisagem que se observa da janela de um carro ou ônibus. Leva a mente a produzir uma calma para o corpo, que por sua vez, abre caminho a uma melhor percepção.

Talvez até, algo como uma trepanação sonora para compreender melhor tudo o que nos cerca.








Ouça Sussan Deihim & Richard Horowitz - Desert Equations


Y - The last man e DMZ: quadrinhos para despertar

terça-feira, agosto 05, 2008




Passar a maior parte do tempo de uma cidade para outra, entre um ônibus e outro, deixando o tempo escapar pelos dedos de forma ociosa, é sem duvida uma perda de energia sem precedentes. Ter uma vida social/cultural concentrada em outra cidade dá nisso. 

Por isso, as rápidas viagens de 70, 90 minutos não podem passar em branco, tenho que ler. Mas desde o colegial, minha mãe adverte sobre os males da leitura em movimento. Do quão perigoso é ler em carros e ônibus, da possibilidade horrenda de ter um descolamento da retina

Foi nesses momentos de enfados de ir e vir, de estar cansado da mesma estrada, da mesma janela com as mesmas paisagens, que resolvi comprar a edição nº16 da Pixel Magazine. Uma feliz aquisição, certamente arranjada pelas forças do destino. 

Como explicar que as historias ali contidas viriam a reacender um fogo, uma esperança de que algo no mundo pessoal da minha imaginação e fantasia não estavam perdidos? Como entender que justamente nessa edição, eu pude me re-conectar nas antigas crenças do que era minha idealização sobre o jornalismo?

Refiro-me aqui a duas coisas que me chamaram a atenção: "Y- O ultimo homem" e a crônica/apresentação da saga DMZ, escrita pelo editor-chefe da revista Set (Rodrigo Salem) intitulada "Cinzas da bandeira americana". 

Em "Y", temos a surpreendente constatação de uma estranha doença que extermina todos os machos do planeta, deixando apenas um rapaz e seu macaco de estimação como sobreviventes. Um mundo inteiro de mulheres, de fêmeas a sua disposição? Não mesmo. A suposta sorte tem mais é cara de maldição. Constatação essa que certamente o jovem Yorick encontrará nas próximas edições. 

Escrita por Brian K. Vaughan, um dos vários roteiristas de Lost, "Y- O ultimo homem", entrou na minha corrente sanguínea, e já visualizo as possibilidades dessa estranha realidade e que tipos de acontecimentos isso pode levar. Desde já, me vejo viciado e preocupado com mais uma coleção que certamente torrará meus bolsos e deixará um pouco longe do sonho do meu primeiro milhão (nos EUA durou por 60 edições e aqui no Brasil, cada revistinha custa R$10,90).

E em DMZ, o que temos? Bem, temos os EUA numa guerra civil que dividiu o pais. Temos o cara que está no centro nervoso desse inóspito acontecimento futuro, o fotojornalista Matthew Roth. Temos ainda o seu medo da morte, sua frustração perante um conglomerado de noticias que o oprime e sacaneia. Há também Brian Wood, o criador dessa bomba maravilhosa que nos acorda para esse mundinho dito moderno que vivemos, de controle disfarçado e quase imperceptível. O texto do Rodrigo Salem, ao final do episódio, é de levantar defunto da cova.

Sael escreve com força e raiva necessária que colegas de faculdade não costumam ter. Um jornalismo que se perde devido a essa mesma disciplina que paira sorrateira sob e sobre nossas cabeças. De professores que não mais nos despertam a nada. Do próprio sistema que nos domestica como gatos gordos e felpudos, nos alimentam sem parar, dando o conforto que escraviza.

Aprendi com o Rodrigo: pense em Google. Pense em Facebook. Pense em Twitter. Grandes empresas travestidas de livre-arbítrio. Gosto de rebeldia, da agressividade nos textos, de mexer nas entranhas do pensamento e fazer pensar por dentro. É isso onde eu queria chegar, onde quero me apegar: aprender a pensar com o coração, com a mente e com o punho.

Ah, claro: e escrever estórias incríveis como as destes quadrinhos.



Plantas trepadeiras

quarta-feira, julho 30, 2008



A sexualidade da natureza. Um viral obsceno do Greenpeace.




Na mente e nas telas, The Spirit

quarta-feira, julho 23, 2008


A adaptação cinematográfica de um clássico das HQ´s por Frank Miller vai ser uma viagem de volta a minha mente pré-adolescente, em que quadrinhos preto e branco me levavam para um universo distante do qual eu vivia, e que, segundo a minha mãe, adubava meu cérebro com coisas inuteis. 

  The Spirit me apareceu em 1993, por acaso, e com ele comecei a me interessar pela obra de Will Eisner.

E com o traço cinematográfico de Will, me interessei pelos anos 40. E dos anos 40, me apaixonei pelas metrópoles sujas e decrépitas, a fascinação por Nova York, por fumaça de cigarro dançando pelo ar de bares soturnos. E dos bares soturnos, me vi envolvido por música jazz saindo de trompetes tristes para beberrões solitários. Marinheiros encrenqueiros e suas deusas pin ups tatuadas no braço. Me vi idolatrando vagabundos sujos, mulheres depravadas e finalmente, pela beleza obscura dos filmes e da literatura Noir.

Em suma, é assim mesmo. Um amor sempre leva a outro.

Cloverfield: terror do século 21

segunda-feira, fevereiro 11, 2008



Ok ok ok.

Acabo de chegar do cinema e vejam só, os pelos do corpo estão mais ouriçados do que meu gato quando se defronta com o cachorro ensandecido do vizinho. O coração ainda bate forte e não sabe ao certo o que vi para fazê-lo trabalhar a todo vapor.

Meu estômago revira como uma lavadeira de roupas envenenada movida a nitro. O sangue corre pelos tubos das veias, pulsa numa jornada rápida por todos os órgãos que precisa irrigar, levado por uma adrenalina sem precedentes, desenfreado.

Em resumo, tudo dentro de mim está como se recebesse um único e visceral aviso extraordinário: FUJA! Mas exatamente do que?

Cara, eu sempre soube que o demônio andava pela Terra, que passeava por aí fazendo diabruras e se deliciando com o caos. Mas o que eu não sabia, é que o danado tinha se materializado em corpo de homem. Para ser mais exato, na pele de um homem famoso no mundo da TV e do cinema; Um homem que conseguiu fazer com que as inicias de seu nome fossem sinônimo de aventuras bem feitas, com mistérios tão saborosos e envolventes, que hipnotiza qualquer um que fique trinta segundos assistindo as suas produções. Pois bem meus amigos, apresento-lhes o diabo, e ele se chama J.J. Abrams.

Só por citar Lost (sua principal cria), dispensa o desperdício de comentários já batidos e cheios de clichê. O cara que produz o seriado mais visto em todo planeta, é o cabeça, é a matrona, é o maestro infernal do fim do mundo que é o maravilhoso Cloverfield. Claro que apesar de todo o seu poder, J.J não orquestrou o pandemônio sozinho; chamou Matt Reeves (diretor) e Drew Goddard (roteirista) para lhe ajudar na árdua tarefa de fazer nós, míseros espectadores comedores de combos de pipoca, cagarem-se de medo. 

Estes foram espertos e simples: misturaram a agonia de medo-com-câmera-caseira-e-tremida de "A bruxa de Blair", imagens de destruição com prédios esfarrapados (resquícios subconscientes do ataque terrorista de 11 de Setembro) e uma pitadinha de nada de um Godzilla com grito estridente. O resultado? A reinvenção do gênero "Terror" no século 21. Abrams-Reeves-Goddard fundem-se num só corpo e cospem na nossa cara como um bom filme de terror moderno deve ser. Chacoalha nossos nervos de antigos espectadores passivos e sem nos tirar da cadeira, nos insere impiedosamente dentro da destruição e do pavor. Nos faz sentir a fria e pegajosa língua da morte em nossa nuca, em sequências infinitas e desconcertantes. Vampiros, lobisomens, múmias, espíritos, ets e etc. Quem ainda se assusta com isso? 

Posso ter exagerado na dose, posso ter descrito o filme de uma forma extravagante e sem muito embasamento crítico. Falem o que quiserem, que o troço é blockbuster, que é filmão de garotada de shopping, que sou mais uma presa idiota das armadilhas mercadológicas de Hollywood... Mas convenhamos: se é para cair como uma mosca tonta numa armadilha para insetos, ao menos me iludam de forma eficiente, assim como J.J Abrams fez no cinema, assim como o diabo fez com Adão e Eva.



Links



Seus amigos nunca te deixarão sozinho

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Sabe aquelas brincadeiras sacanas que você fazia/faz com seus melhores amigos quando estão mortos depois de uma noite de farras dantescas? Aquelas armadilhas fantásticas e imaginativas, cheias de fitas adesivas, tintas, comida e coisas gosmentas que os mais fracos sempre caem como um ratinho frágil e chapado numa ratoeira gigantesca?

É justamente esse universo único que este vídeo da banda Justice (um mash up de 'never be alone' do Simian), se inspira.


Nos nossos dias pós-tudo, as mais profundas e sujas águas do comportamento humano fazem as regras para o entretenimento dos milhares de "youtubespectadores".



Desculpe, eu errei sobre o futuro

sábado, fevereiro 02, 2008



Errei achando que tudo iria se transformar em direção ao novo, à uma nova ordem de pensamento; errei ao imaginar que as mentes jovens de hoje procuravam sempre o atual e o original, e não o antigo e datado.

O futuro realmente não é como era antigamente. E tudo, no fundo, estagnou em uma grande bola de aniversário, onde pensamentos, culturas e músicas, de todos tipos, lugares e épocas, se acumulam sem parar.

Ao longo dos séculos, a humanidade se reinventa. Modifica apenas algumas coisas. E isso sim é o futuro: um pneu velho, recauchutado com diferentes tiras de borracha temporais.

Além disso, o futuro também é uma calça jeans caipira festa junina.