Um pause para reconstruir

quinta-feira, março 17, 2011

"The sky above the port was the color of television, tuned to a dead channel".

(O céu do porto tinha a cor de uma TV ligada num canal fora do ar)


William Gibson, Neuromacer

 

Mantras zen-budistas ecoam de modo calmo em autofalantes envelhecidos. Embalam o fim do dia horrorosamente quente que se passou. Enquanto o corpo desfalece devagar no sofá, a mente conecta-se veloz ao mundo subconsciente.

Desligado de tudo o que existe por alguns minutos, o pensamento se extingue, dando espaço a um vazio relaxante que emula uma sensação de leve flutuar por um éter invisível. Nesta realidade, passageira mas intensa, as luzes da sabedoria se acendem milagrosamente.

Iluminam caminhos inesperados, que jamais seriam escolhidos. Dão alternativas certas, mostrando a cegueira da razão. Beijam nossas cabeças confusas e assopram boas idéias criativas. Sorriem silenciosas entre as densas nuvens eletroquímicas do cérebro.

Ao despertar, voltando para o concreto, percebemos finalmente, que o menos é mais, o pouco é muito e o vazio a tudo preenche.

Percebemos ainda que em nossas vidas, corridas e desgastantes, a simbologia do botão “pause” se faz mais que necessária. Os mantras se interrompem. O mundo parece melhor.

Desconecte-se e ouça o silêncio.

 

 

 

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