Diaba

segunda-feira, outubro 02, 2006



filme_o_diabo_veste_prada

As luzes brilham, refletem nos olhos bem abertos na escuridão do cinema. Projetado por uma hora e meia, um mundo que muitos jamais verão por dentro, e que se desenrolara como um sonho coletivo. Muitos jamais sentirão na ponta dos dedos, as marcas famosas, os preços exorbitantes. Peças de roupa que remetem a arte, que dão poder só em vesti-las. 

Mas, macacos me mordam, por que eu me deslumbro? Talvez por ser um pobretão que se fascina com luzes, garotas bonitas e seus vestidos fascinantes. Pensando dessa forma, todo mundo é pobretão, afinal, quem não se deslumbra? 

Meu grande problema é aspirar por esse mundinho glorioso e bonito, que está longe ou mais que impossível de ser vivido. O fantástico está na distancia que esse tipo de coisa burguesa, de como está longe do que sou. Mas é um lugar interessante. 

Neste filme, talvez a direção tenha sido apagada, talvez o final seja o que todos esperam, o que o casal que sai para se distrair no shopping e comer pipoca com Coca-Cola dentro da sala escura espera. Mas por que sempre a arte tem que gritar mais alto? Por que sempre se espera que a arte brilhe acima de tudo? A arte cinematográfica não funciona com este filme pelo simples fato do mundo da moda e do glamour brilhar mais que isso tudo. 

Particularmente, gosto mesmo é de ver mais uma vez o brilho das ruas de Manhattan, dos flashes das câmeras, dos fotógrafos de moda, das luzes de Paris. Hipnotiza. Faz sonhar acordado por toda a projeção. Refrigera a vida. Diverte na medida certa, sem a necessidade de ser arte, de ter uma grande direção. 

É só um saquinho com doces coloridos e açucarados que se dissolvem rápido na boca, e logo é esquecido. 

E quem disse que isso não é bom?