Se há algo que me chateia profundamente nos dias que se seguem, é a recusa velhaca de ir a um show de rock and roll. A falta de entusiasmo adolescente correndo nas veias. Oh meu deus, juro que não sou um jovem ancião ou virei um cristão radical e ortodoxo!
O motivo maior é o fator “poucas são as bandas que me fazem ‘arrepiar’ os ouvidos”. Infelizmente (e sem críticas ardorosas, já que todo mundo tem direito a escutar o que bem entender), não me agrada a cena rocker atual da Bahia.
Principalmente, as bandas com grande respaldo midiático. Simplesmente, elas não funcionam em meu cérebro e não me dão vontade alguma de sair de casa para suas apresentações. Claro que há algumas exceções. E apenas o número de dedos de uma das minhas mãos podem fazer esse pequenino censo.
E qual não foi o meu espanto ao ouvir, finalmente, algo tão próximo (geograficamente falando) e tão criativo quanto Teclas Pretas. Algo que vai me impulsionar a sair de casa novamente e estar “in loco” conferindo uma apresentação ao vivo desse pessoal.
Não sei especificar exatamente o que essa banda soteropolitana pretende com sua música, nem o que me fez cair em suas graças, mas posso afirmar simplesmente, que é o trabalho musical mais inventivo e experimental (sem ser chato e cheio frescuras) surgido nos últimos 10 anos aqui, nessa (ainda) província chamada Bahia.
O que pude perceber, foi uma musicalidade tão própria e ao mesmo tempo tão “já ouvi isso antes” (no sentido positivo de beber das boas e clássicas águas que o rock já fez fluir). Talvez sejam os ecos de algo psicodélico, algo de garagem sixties, algo folk, algo pop ou algo bom!
Quem era adolescente na soterópolis dos anos 90, saca muito bem o vocalista. Muito moleque sem juizo subiu no palco para simplesmente fazer bagunça. E talvez chegue um momento que ele vai se encher e dizer: “Parem com a ladainha de sempre comentar ‘Glauber, ex-Moskabilly, do clássico grupo psychobillie The Deadbillies’”.
Mas como não citar? Quem conhece, sabe que Glauber arrebentava na voz, na performance de palco e que tudo que se mete, pode ter certeza, vai ser algo de qualidade.
Pois bem, como perceberam, não consegui definir os caras. Mas acho que o super engraçado release deles lá no Last.FM pode resolver. Claro que ao ler o release, percebe-se que nem eles tem idéia do que pretendem, mas ao menos despertam a curiosidade de ouvi-los.
É ótimo saber que a cena local baiana se renova e ainda tem qualidade. Começando pelos clipes. Saca só:
Ainda melhor, é ver que há uma crescente e esperta turma que tem talento para produzir clips como esse. Prova maior foi a Oficina Geração Bit, que lançou essas produções. Recentemente (19/10/2009) houve a primeira exibição pública, que aconteceu no contexto do já tradicional Festival de Cinema da SaladeArte, em Salvador, Bahia. Esses novos talentos do videoclipe baiano, mostraram que vieram para fazer a diferença de verdade.
E não só a Teclas Pretas participaram desse trabalho. Tiveram outros grupos como Retrofoguetes, Yun-fat, Copyraite e Nancy. O projeto foi produzido com o apoio do Fundo de Cultura.
Massa, né?
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Entrevista do Glauber na Revista Muito!
Quer ouvir? Baixa aqui!