Sexta-arte: Sasha em acrilico.

sexta-feira, julho 03, 2009



Hoje é sexta-feira. Dia de alivio. Véspera de descanso merecido. Aqui pode-se dormir tarde. Encharcar o cérebro com sua bebida preferida. Perder a razão. E em comemoração às desejadas Sextas, hoje inauguro a tag “Sexta-delirio”. Às Sextas, sempre um delírio artístico.

A atriz pornô Sasha Grey em tinta acrílica e seu olhar frio e distante, capturada pelos dedos do pintor James Jean.

Seis livros para Daniele


Nanny me pediu algumas dicas de livros para ela ler nas férias (acho). Claro que poderia simplesmente mandar uma lista de tudo que li e gostei de coração por e-mail, de forma rápida, sem delongas. Mas quando se fala em livros (no caso, meus livros), acho justo compartilhar do meu gosto com amigos e outros anônimos. Talvez uma ou duas das poucas pessoas que aqui visitam, podem ter interesse nessa pequena lista, catalogada por ordem de importância. Minha humilde e pessoal importância que deposito ao que meus olhos consomem e consideram "bom". Enfim, tome lá:


6 º "Miso Soup": Ryu Murakami




Kenji é um guia de turismo sexual em Tóquio. Saca os melhores bares de strip, clubes de sadomasoquismo e lingerie. Sabe onde está cada canto sujo da cidade. Apesar de viver num mundo promiscuo, ele é fiel a sua namorada, Jun. E Jun é a antítese do mundo podre e degradado de Kenji. Uma flor de Sakura delicada que o limpa da discordia. Um dia, ele conhece o estranho turista americano, Frank, que o contrata como guia. Mas Kenji percebe que o americano veio ao Japão com interesses que vão além do turismo sexual: Frank quer experimentar o prazer... de ceifar vidas!

Murakami nos mostra o verdadeiro e decrépito Japão de hoje: o esquecimento das antigas tradições dão lugar ao consumo, ao prazer sexual e a solidão.

Trecho: "A maioria as prostitutas japonesas vende o corpo não pelo dinheiro, mas para escapar da solidaão".



5º "Non-Stop": Martha Medeiros



Non-Stop não é apenas uma coletânea de crônicas sobre temas variados do relacionamento humano. É um guia do cotidiano moderno indispensável para guardar na estante e no coração. Amor, sexo, família, preconceitos, rótulos, pais, filhos, vida. Para os de dura cerviz, talvez seja nada mais que um livreco de auto-ajuda disfarçado de moderninho. Como eu disse, isso é opinião dos de dura cerviz. São apenas conselhos sinceros que te levam a rir o quanto puder, assim como chorar o quanto puder. Serve quando um ombro amigo não está por perto!

Trecho: "O prazer não está em ler uma revista, mas na sensação de estar aprendendo algo. Não está em ver o filme que ganhou o Oscar, mas na emoção que ele pode lhe trazer. Não está em faturar uma garota, mas no encontro das almas".



4º "A hora dos assassinos": Henry Miller



Henry Miller dispensa comentários. Aqui temos o encontro de dois mestres que vivem em meu subconsciente desde sempre. Acredito que autores não nos conquistam com suas palavras e historias. Essas palavras e histórias já nascem conosco, já começam a ter simbiose com nosso corpo na escuridão no útero. Quando li Rimbaud, eu me vi em suas palavras. Assim se deu com Miller. Nessa obra, o autor de "Sexus", "Nexus" "Plexus" nos conta a vida de Rimbaud através de sua verborragia linda tão peculiar.

Miller tem o entusiasmo na escrita que muito me influenciou. Enfim, nada como ler um maldito falando de outro.

Trecho: "O mundo detesta a originalidade; ama o conformismo, só quer escravos e mais escravos. O lugar do gênio é na sarjeta, cavando valas, ou nas minas ou pedreiras, uma toca qualquer onde seus talentos não sejam utilizados. Um gênio à procura de emprego: eis aí umas das visões mais tristes desse mundo!".



3º "A praga Escarlate": Jack London



Imagine um futuro onde uma praga dizima toda a humanidade deixando apenas uns poucos sobreviventes. Nesse futuro, garotos tem colares de ossos no pescoço e brincos gigantescos nas orelhas. A cultura entra em colapso e qualquer tipo de linguagem mais rebuscada é tida como uma engraçada forma de se expressar. Parece com algo que você conhece? Pois saiba que o profeta Jack London viu nosso atual presente em 1912 e estava "milimetricamente" certo!

Trecho: "Uns lutam, outros governam, há os que rezam. E todo o resto trabalha duro e padece terrivelmente enquanto, sobre seus corpos sangrentos, erigem-se de novo, e para sempre, a beleza arrebatadora e o fascínio incomparável da organização civilizada. Tanto faz se eu destruir todos os livros guardados na caverna... Ficando ou desaparecendo, todas aquelas verdades serão descobertas; todas as mentiras, vividas e passadas adiante. Qual a vantagem..."



2º "Bonequinha de Luxo": Truman Capote (edição Companhia das Letras)



Se há algo que não entendo hoje em dia é o fato de muitas garotas terem a imagem de Amelie Poulain estampadas em suas camisetas. Amelie não combina de forma alguma com a vida dessas moças da noite (no bom sentido é claro) que se perdem em festas intermináveis dentro de clubes. 

Eu sempre vejo tristeza nesses lugares! Mesma com minha música preferida explodindo nas caixas de som! Sempre achei o glamour uma coisa vazia, algo derivado de uma solidão iminente. E Holly Golightly (no rosto de Audrey Hepburn) deveria estampar-se no peito dessas garotas. A sexy e divertida solidão de Holly Golightly...

Trecho: "Todo dia é feriado para a senhorita Holly Golightly!".



1º "Eu Receberia As Piores Noticias Dos Seus Lindos
Lábios": Marçal Aquino



Assim como o personagem Cauby eu "nunca acreditei no diabo, apenas em pessoas seduzidas pelo mal". Marçal Aquino é o verdadeiro homem com uma dor no coração. E ele é bem mais elegante! Indispensável!

Trecho: "Ela congelou o gesto de colocar as fotos no envelope, virou o rosto e me estudou, como se avaliasse se eu tinha mérito suficiente para receber o que pedia. Sustentar aquele olhar escuro foi uma experiência difícil. Fez com que eu me sentisse desamparado. Fiquei com a impressão de estar sendo visto de verdade pela primeria vez na vida. E também de estar vendo algo que o mundo não tinha me mostrado até então.

De acordo com o professor Schianberg, não é possível determinar o momento exato em que uma pessoa se apaixona. Se fosse, ele afirma, bastaria um termômetro para comprovar sua teoria de que, nesse instante, a temperatura corporal se eleva vários graus. Uma febre, nossa única seqüela divina. Schianberg diz mais: ao se apaixonar, um 'homem de sangue quente' experimenta o desamparo de sentir-se vulnerável. Ele não caçou; foi caçado."