Ilustração do dia: O perigo de manter uma identidade secreta.

quinta-feira, julho 30, 2009




Infelizmente, não sei quem é o autor. Mas o cara merece um prêmio!

O Jornalismo e a questão fundamental.



Dos inúmeros personagens do livro "O Guia do Mochileiro das Galáxias" há um em especial que tem o peculiar nome de "O Pensador Profundo". Ele nada mais é que um megacolossal computador projetado por seres hiperintelingentes (no caso, ratos) para resolver a "Questão fundamental da vida, o Universo e tudo o mais". Após 15 milhões de anos, a resposta é dada.
 
E essa é um simplório "42". Fulos da vida, os seres hiperinteligentes dizem que essa não era a resposta da pergunta. O computador retruca que o que eles não sabem é a própria pergunta. Ele afirma que a resposta (42) só poderá ser entendida quando eles souberem a pergunta.

E é por saber a pergunta correta que o artigo de Ronaldo Lemos intitulado "Jornalismo em um mundo em transição", publicado na Folha de São Paulo do dia 28 de Junho de 2009, merece a marca do "relevante'. Nele, o fundador do Overmundo destilou uma perspicaz visão dos rumos que o jornalismo está tomando devido as interferências de descentralização da noticia que redes sociais como Twitter, Facebook, YouTube, blogs e celulares estão proporcionando. Cita o blog/tablóide TMZ na cobertura da morte de Michael Jackson e de como ele se valeu dessas novas mídias para chegar primeiro na conclusão da morte do cantor e lançar a noticia nos quatro cantos do mundo. O TMZ passou assim, a ser sinônimo da "morte de Michael" e este talvez seja um eterno troféu do tablóide.

Ao meu ver, o artigo tem fundamental importância não por dar respostas de um possível futuro do jornalismo, mas sim por fazer a pergunta mais correta: "Como reinventar não só as formas de participação, mas também uma ética nova para a rede, uma ética que não seja nem ingênua nem obsoleta? E que não seja imposta, mas sim construída?"

Se tivéssemos "O Pensador Profundo" ao nosso dispor, certamente ele nos daria a resposta correta e não apenas um confuso "42"!

Quer ler o artigo? Bem aqui

Para a segunda-feira, uma balada matadora!

segunda-feira, julho 27, 2009

Uma canção do Sting sobre assassinato, erros e arrependimentos, imortalizada na voz de Johnny Cash.



I Hung My Head - Johnny Cash

Off ou condenado a vida física...

quarta-feira, julho 22, 2009

... Até resolver um BAD_POOL_CALLED.

Esperem... Eu volto!

Um mantra para a insônia

sexta-feira, julho 17, 2009




A insônia, traiçoeira que é, empurrou-me para longe do aquecimento materno de um espesso cobertor. Junto a isso, uma fome descomunal e um desejo de prenhe para consumir uma canção de 1998.

Volto ao sono, agora satisfeito e com um mantra pop balbuciando nos lábios:

"Erase and rewind
'Cause I've been changing my mind"

Repetindo e repetindo, até alcançar o infinito dos sonhos...

Momento Roland Barthes: um olhar poético sobre o signo fotográfico.

quarta-feira, julho 15, 2009



Fotografia adquirida sob a égide da era da reprodutibilidade técnica, mais exatamente no Tumblr do usuário @jorai, grande apreciador das mais refinadas artes originadas dos antiquíssimos grottos romanos.

É uma foto premeditada, como um crime, basta reparar no arranjo das roupas e dos cabelos, a palma da mão como um sensor cognitivo da alma e do desejo libertador da uma alma feminina. De cócoras, como uma versão humana da frase de tinta negra na parede branca, uma icônica invasão bárbara aos domínios rígidos e ilusoriamente imaculados do macho dominante: o homem.

Há aqui um claro objetivo: escarrando de modo cômico na sociedade que almoça o fast food da hipocrisia via retwittes que mais se assemelham a vírus letais, tudo está à espera da eternidade digital.

Sabe-se que após o clique, a cena se desfez na rue de Rome e a vida voltou a fluir imperfeita, mas agora repleta de satisfação corpórea, mas isso a foto não captou, pois foto é a pose em suspensão no tempo, agora meras manchas de pixels em preto e branco.

Mas eis que o seu olhar encontra o dela, que ali de cócoras e abrindo seu instrumento de ascensão ao gozo sem pudores, do fundo de nossa certeza de morte, de repente olha e se enrijece.

The Legends: Over and Over

terça-feira, julho 14, 2009





Reza a lenda "Léstiéfiemilistica" que o The Legends é uma banda de música pop sueca, distribuída pela Labrador Records e que se formou através de uma rede de contatos entre amigos, com a peculiaridade de que seus nove (?) integrantes sequer sabiam tocar instrumentos musicais. Lendário também é o fato desse povo todo ter suas identidades mantidas propositalmente em segredo, com exceção de um: Johan Angergård, ( Club 8 e Acid House Kings).

Mistérios à parte, este quarto álbum do grupo está repleto de referências sônicas das clássicas bandas de selos como Creation Records ou 4AD. Trocando em miúdos: riffs pontiagudos, avalanches de White-noises e doces, muito doces vocais. Aqui sim, há canções pop que podem literalmente (vai depender apenas do volume do seu phone) ensurdecer seus ouvidos.

O álbum inicia com "You Won", um grudento (no bom sentido) refrão, com uma linha de baixo firme, que te faz viajar de olhos fechados em acordes formidavelmente bem feitos. Depois, uma típica canção "thelegendsiana", "Seconds away": Guitarra serra-elérica, microfonia leve, pegada ultra-pop. Em seguida, uma descarada e linda chupação do JAMC para os dias de sol, "Always the same", perfeito como trilha de um passeio pelo litoral (¬¬). O disco (é tão estranho falar 'disco') segue suas 12 faixas com intercalações de calma e turbulência, sempre de forma acertada.

Para a nova juventude ou para os órfãos dos "clássicos de franjudos entediados" - The Jesus and Mary Chains ou My Bloody Valentine - The Legends prova que é possível modernizar estilos datados, fora de moda, aliando perfeitamente camadas de ruídos com outras tantas camadas de canções pop atuais e singelas. Aos meus olhos de velho adolescente com saudades dos anos 90, este é o disco do ano!








Chicken a la Carte

sábado, julho 11, 2009







Alguém na minha rede Twitter passou o vídeo acima. Desculpe por não lhe creditar, é que me perdi no emaranho de meus "seguidos". Mas enfim, obrigado por compartilha-lho com todos. O vídeo é um curta-metragem que mostra alguns dos destinos das sobras de nossas refeições. E mostra também o quanto somos agraciados pela sorte e não nos damos conta disso. Na quarta série, aprendi um poeminha do Ulisses Tavares, que estava impresso num livro de português. Vídeo e poema nos alertam para o que realmente é tragédia em nossas vidas tão fúteis.


ALÉM DA IMAGINAÇÃO
Tem gente passando fome.
E não é a fome que você imagina
Entre uma refeição e outra.
Tem gente sentindo frio.
E não é o frio que você imagina
Entre o chuveiro e a toalha.
Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina
Entre a receita e a aspirina.
Tem gente sem esperança.
E não é o desalento que você imagina
Entre o pesadelo e o despertar.
Tem gente pelos cantos.
E não são os cantos que você imagina
Entre o passeio e a casa.
Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina
Entre o presente e a mesada.
Tem gente pedindo ajuda.
E não é aquela que você imagina
Entre a escola e a novela.
Tem gente que existe
E parece imaginação.

The Radio Dept. - David

sexta-feira, julho 10, 2009

                                              
Mais um para a intima coleção dos sonhos sonoros e para acalmar as membranas internas - com seus quilométricos vasos sanguíneos - em sua quase eterna tarefa de criar enredos oníricos na mente.

Sexta-arte: Fumie Sasabuchi.



Enfim, sexta-feira, dia de mais um delírio artístico.

Desconstruir a noção do perfeito e do belo à partir das páginas de revistas de moda. De Tokyo, vem a obra desconcertantante de Fumie Sasabuchi.





Mais? Aqui

Ganso avalia "Irreversível".

Dentro de um antiquíssimo HD, encontrei uma gravação de uma conversa via Skype, entre Ganso e Dolly (que no momento estava em Istambul). A conexão estava péssima, em um slowmotion irritante. Numa pausa em que Dolly contava suas aventuras com turcos taradões, Ganso e sua conhecida verve, de forma graciosa e perspicaz, destilou seu senso crítico em relação a película "Irreversível" de forma inovadora. O irmão mais velho de Joselito Sem-Noção pede passagem!!!

Amanhã, em meus headphones: Mirrors Edge Soundtrack

terça-feira, julho 07, 2009





Quando as solas dos meus pés ganham a metrópole, meus ouvidos precisam de uma trilha adequada.








O som do futuro




Mind In A Box. Esse é o nome mais apropriado para quem deseja ouvir o som de um hipotético futuro cyber. Suas canções são na verdade monólogos e trechos de conversas telefônicas, como conversações que se combinam umas as outras para contar uma história que atravessará todos os álbuns.





Cada faixa é uma pista para compreender este quebra-cabeça que o levará numa emblemática aventura sci-fi. O estilo é Future-Pop com envolventes ambientes tecnológicos e cyberpunks. O Mind.In.Box é um duo austríaco que traduz em áudio todo um imaginário de ficção cientifica e fantasia em ambientações tech-noir com formidável perfeição.

As letras estão espalhadas pela web ou no site oficial, mas quem usa o winamp, é só baixar o plugin de letras. Confira abaixo o som da banda/historia nas imagens dos filmes Natural City e Immortel, respectivamente.

Escape


Change








Saiba mais, aqui

Sexta-arte: Sasha em acrilico.

sexta-feira, julho 03, 2009



Hoje é sexta-feira. Dia de alivio. Véspera de descanso merecido. Aqui pode-se dormir tarde. Encharcar o cérebro com sua bebida preferida. Perder a razão. E em comemoração às desejadas Sextas, hoje inauguro a tag “Sexta-delirio”. Às Sextas, sempre um delírio artístico.

A atriz pornô Sasha Grey em tinta acrílica e seu olhar frio e distante, capturada pelos dedos do pintor James Jean.

Seis livros para Daniele


Nanny me pediu algumas dicas de livros para ela ler nas férias (acho). Claro que poderia simplesmente mandar uma lista de tudo que li e gostei de coração por e-mail, de forma rápida, sem delongas. Mas quando se fala em livros (no caso, meus livros), acho justo compartilhar do meu gosto com amigos e outros anônimos. Talvez uma ou duas das poucas pessoas que aqui visitam, podem ter interesse nessa pequena lista, catalogada por ordem de importância. Minha humilde e pessoal importância que deposito ao que meus olhos consomem e consideram "bom". Enfim, tome lá:


6 º "Miso Soup": Ryu Murakami




Kenji é um guia de turismo sexual em Tóquio. Saca os melhores bares de strip, clubes de sadomasoquismo e lingerie. Sabe onde está cada canto sujo da cidade. Apesar de viver num mundo promiscuo, ele é fiel a sua namorada, Jun. E Jun é a antítese do mundo podre e degradado de Kenji. Uma flor de Sakura delicada que o limpa da discordia. Um dia, ele conhece o estranho turista americano, Frank, que o contrata como guia. Mas Kenji percebe que o americano veio ao Japão com interesses que vão além do turismo sexual: Frank quer experimentar o prazer... de ceifar vidas!

Murakami nos mostra o verdadeiro e decrépito Japão de hoje: o esquecimento das antigas tradições dão lugar ao consumo, ao prazer sexual e a solidão.

Trecho: "A maioria as prostitutas japonesas vende o corpo não pelo dinheiro, mas para escapar da solidaão".



5º "Non-Stop": Martha Medeiros



Non-Stop não é apenas uma coletânea de crônicas sobre temas variados do relacionamento humano. É um guia do cotidiano moderno indispensável para guardar na estante e no coração. Amor, sexo, família, preconceitos, rótulos, pais, filhos, vida. Para os de dura cerviz, talvez seja nada mais que um livreco de auto-ajuda disfarçado de moderninho. Como eu disse, isso é opinião dos de dura cerviz. São apenas conselhos sinceros que te levam a rir o quanto puder, assim como chorar o quanto puder. Serve quando um ombro amigo não está por perto!

Trecho: "O prazer não está em ler uma revista, mas na sensação de estar aprendendo algo. Não está em ver o filme que ganhou o Oscar, mas na emoção que ele pode lhe trazer. Não está em faturar uma garota, mas no encontro das almas".



4º "A hora dos assassinos": Henry Miller



Henry Miller dispensa comentários. Aqui temos o encontro de dois mestres que vivem em meu subconsciente desde sempre. Acredito que autores não nos conquistam com suas palavras e historias. Essas palavras e histórias já nascem conosco, já começam a ter simbiose com nosso corpo na escuridão no útero. Quando li Rimbaud, eu me vi em suas palavras. Assim se deu com Miller. Nessa obra, o autor de "Sexus", "Nexus" "Plexus" nos conta a vida de Rimbaud através de sua verborragia linda tão peculiar.

Miller tem o entusiasmo na escrita que muito me influenciou. Enfim, nada como ler um maldito falando de outro.

Trecho: "O mundo detesta a originalidade; ama o conformismo, só quer escravos e mais escravos. O lugar do gênio é na sarjeta, cavando valas, ou nas minas ou pedreiras, uma toca qualquer onde seus talentos não sejam utilizados. Um gênio à procura de emprego: eis aí umas das visões mais tristes desse mundo!".



3º "A praga Escarlate": Jack London



Imagine um futuro onde uma praga dizima toda a humanidade deixando apenas uns poucos sobreviventes. Nesse futuro, garotos tem colares de ossos no pescoço e brincos gigantescos nas orelhas. A cultura entra em colapso e qualquer tipo de linguagem mais rebuscada é tida como uma engraçada forma de se expressar. Parece com algo que você conhece? Pois saiba que o profeta Jack London viu nosso atual presente em 1912 e estava "milimetricamente" certo!

Trecho: "Uns lutam, outros governam, há os que rezam. E todo o resto trabalha duro e padece terrivelmente enquanto, sobre seus corpos sangrentos, erigem-se de novo, e para sempre, a beleza arrebatadora e o fascínio incomparável da organização civilizada. Tanto faz se eu destruir todos os livros guardados na caverna... Ficando ou desaparecendo, todas aquelas verdades serão descobertas; todas as mentiras, vividas e passadas adiante. Qual a vantagem..."



2º "Bonequinha de Luxo": Truman Capote (edição Companhia das Letras)



Se há algo que não entendo hoje em dia é o fato de muitas garotas terem a imagem de Amelie Poulain estampadas em suas camisetas. Amelie não combina de forma alguma com a vida dessas moças da noite (no bom sentido é claro) que se perdem em festas intermináveis dentro de clubes. 

Eu sempre vejo tristeza nesses lugares! Mesma com minha música preferida explodindo nas caixas de som! Sempre achei o glamour uma coisa vazia, algo derivado de uma solidão iminente. E Holly Golightly (no rosto de Audrey Hepburn) deveria estampar-se no peito dessas garotas. A sexy e divertida solidão de Holly Golightly...

Trecho: "Todo dia é feriado para a senhorita Holly Golightly!".



1º "Eu Receberia As Piores Noticias Dos Seus Lindos
Lábios": Marçal Aquino



Assim como o personagem Cauby eu "nunca acreditei no diabo, apenas em pessoas seduzidas pelo mal". Marçal Aquino é o verdadeiro homem com uma dor no coração. E ele é bem mais elegante! Indispensável!

Trecho: "Ela congelou o gesto de colocar as fotos no envelope, virou o rosto e me estudou, como se avaliasse se eu tinha mérito suficiente para receber o que pedia. Sustentar aquele olhar escuro foi uma experiência difícil. Fez com que eu me sentisse desamparado. Fiquei com a impressão de estar sendo visto de verdade pela primeria vez na vida. E também de estar vendo algo que o mundo não tinha me mostrado até então.

De acordo com o professor Schianberg, não é possível determinar o momento exato em que uma pessoa se apaixona. Se fosse, ele afirma, bastaria um termômetro para comprovar sua teoria de que, nesse instante, a temperatura corporal se eleva vários graus. Uma febre, nossa única seqüela divina. Schianberg diz mais: ao se apaixonar, um 'homem de sangue quente' experimenta o desamparo de sentir-se vulnerável. Ele não caçou; foi caçado."