Capa da revista Bloomberg Businessweek, que na semana do dia 03/10, estampou o empresário Eike Batista sob o título: "Como perder uma fortuna de US$ 34,5 bilhões em um ano".
As coisas estão estranhas, meu caro, e não sei fornecer maiores significados. O frio que toma conta todo o tempo (e somente) na sola do pé, é um indício do que estou tentando dizer. Cresci, e agora percebo que estamos dentro de uma disputa acirrada de realizações de sonhos, em que todos precisam ser felizes.
Mas o dia a dia, meu velho, tem mostrado que neste pedaço da galáxia em que há atmosfera, oxigênio e água em abundancia, a distribuição dessa felicidade padrão não é para todos. Unhas, dentes e planejamentos maquiavélicos são necessários para entrar nessa corrida insana pela autossatisfação.
Sei que estou perdendo o jogo, meu querido, por não ter dentro do meu cérebro, a ânsia em comum deste zoológico sem grades, repleto de feras selvagens ávidas por carne e sangue. Além de um fígado que filtra com deficiência, tenho a ausência em extrema dose da ganância.
E nestes tempos estranhos, sonhar com um quartinho de 2x2 metros, entulhado de livros, com uma mesinha, cadeira simplória no meio para se debruçar, ler e escrever, é contra a lei natural da sobrevivência do mais apto, meu chapa. O meu “vencer” particular é o “perder” do resto do mundo.
Aceitar que perdeu não é o mais difícil. Recomeçar, sim, é a verdadeira batalha.