Ela é uma consultora de publicidade. Ela é uma coolhunter com uma intuição sem igual. Ela é um ícone da moda, mas você nunca vai ouvir falar dela, assim como nunca irá poder vê-la.
O que ela olha, sente na pele se vai ser tendência ou não. Ela é uma heroína que não luta, que não possui superpoderes. Tem somente o estranho dom de sentir as roupas, as ruas, os contornos dos óculos escuros das pessoas, as marcas das grifes. Sente tanto essas marcas que tem náuseas. Sim, uma profissional da publicidade com alergia a logotipos.
Uma profissional da publicidade alérgica à moda, mas que mesmo assim ama roupas. Suas próprias roupas e combinações, diga-se de passagem. E essas peculiares indumentárias tem um nome: "CPUs. Cayce Pollard Units". Preto, branco, cinza. Algo frio, algo quase invisível. Algo quase alien. Só se pode defini-lá como uma "zona livre e atemporal do design".
Seu anti-estilo, seu mix de influências, até mesmo o seu rosto, não vive no mundo real. Não que ela seja invisível, nem que é uma fantasma flutuando no éter. A questão é que ela vive no imaginário das pessoas que leram Pattern Recognition de William Gibson, ou até mesmo o No Logo, de Naome Klein.
Saca?
Cayce Pollard, “só existe na zona liminar entre a prosa de Gibson e os olhos da mente que não cansa de prever a história a cada instante”.
*Agradecimentos a Adriana Amaral .