Os proto-blogs de Julio Cortázar

quarta-feira, novembro 19, 2008






Perambulo pelo shopping. Ânsia de ter. Comprar objetos com felicidade embutida. Tecnologias modernas que te conecta ao mundo. Não há dinheiro. Ou dinheiro insuficiente para luxos high-tech. Entro na livraria.

Dedos abrem e fecham diversos livros. Olhos consomem palavras rapidamente. Frases aleatórias pulam das páginas. Penso em dinheiro fácil, em sucesso na carreira, em ter seguidores (no mundo moderno você tem seguidores, não amigos), layouts de blogs, podcasts que tenho que ouvir, fotos engraçadas para fotolog. Preocupações medíocres.

Amiga invisível de longas datas, essa minha mediocridade. Tantas coisas mais urgentes na vida e a maturidade clamando por bobagens que dão apenas prazer. Para uns há retorno financeiro. Mas ainda não saquei como isso ocorre. Vida real, idem na vida virtual: lagartixa nunca chega a jacaré!

Bom, não importa. Encontrei Julio Cortazar e seus textos-drops inspiradores. Os dois livrinhos, capa cinza quase prateado, figuras entre os textos. Os dois. Ambos "cheios de memórias, artigos, poemas, contos curtos, ensaios, recortes de notícias..." Argentino bacana, descrito por Llosa como um escritor cheio do "impudor adolescente". Sob as luzes amarelas do lugar e do frio artificial de ar processado, eu me encantei. Preciso aprender com Julio, pois como ele "escrevo por incapacidade, por descolocação".

O vendedor se aproxima e pergunta se preciso de ajuda. "Ajuda" aqui pode ser interpretada como "vai levar ou não vai porra?" Respondo: "Por enquanto só olhando... Mas mês que vem eu compro."

Ah Julio, se tu soubesse o quanto essa internet fode minh´alma!
Se tu soubesse que só vou te conhecer melhor com a ajuda do meu 13º!



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