Apesar de ter uma conta no Instagram, não me agrada muito a ideia corrente dos nossos tempos do “envelhecer fotos é cool”. Para piorar, há um incomodo interior por gostar dessa coisa do “vintage”, das saudades de tempos nunca vividos.
Sim, participo ativamente, mas tenho consciência que é só uma moda, uma brincadeira coletiva com amigos e desconhecidos. Tenho ciência que tudo isso vai ser visto no futuro como as calças bocas de sino dos anos 70, ou os shortinhos de lycra masculinos dos 80. Sei que envelhecer fotos é deixá-las datadas, típicas da era smartphone. Ao final vamos rir disso tudo no futuro. Em conversas de churrasco de quintal, em fins de semana, com nossos filhos ao colo, vamos dizer: “Quão ridículos nós fomos”.
Fotografias realmente clássicas, daquelas que vivem no subconsciente da humanidade, aproveitam o que a realidade emite, sem muitos efeitos, na pura e simples necessidade de captar o momento como ele se dá.
Pode ser dos anos 20 ou 60, mas elas foram imortalizadas pelo olhar do operador da câmera e luz, muita luz, seja do sol ou do flash mesmo. E em termos de foto, gosto do luz, do flash revelando as pessoas e seus defeitos.
Por estas razões, me maravilho com a beleza bruta exibida nas fotos do fotógrafo estadunidense Kevin Hayes. Ele preza o humano sem recortes ou efeitos, elevando o cotidiano (e até o que se convencionou chamar de feio), ao patamar da arte.
Ruas, crianças, senhoras nuas, mulheres gordas, strippers, desconhecidos (sóbrios e bêbados), objetos, cantos despercebidos... Para Hayes, todas as coisas tem vida, tudo é motivo de inspiração, tudo é sagrado.