Rádio lost

sexta-feira, março 16, 2007




Em 1986, ganhei um radinho de pilha verde e amarelo, com o tema da copa do mundo. Captava além das tradicionais frequências AM/FN, as internacionais ondas curtas

Era incrível ouvir pessoas de outros países, conhecer palavras incompreensíveis, tocando musicas estranhas das regiões inimagináveis. A melhor captação das transmissões se dava pela noite. Foi certamente o meu primeiro contato (através de um aparelho eletrônico) com o mundo.

Lembro como aquilo me fascinava, como me sentia privilegiado por estar "conectado" de alguma forma com o que estava acontecendo naquele exato momento do outro lado do mundo. Cada milímetro do dial era uma experiência sonora diferente. 

Nestes, houve um episódio de "Lost" que terminava com Sayid e Hugo ouvindo um rádio em ondas curtas, na beira da praia. Saiyd dizia "Essa transmissão pode estar vindo de qualquer lugar do mundo", ao passo que Hugo de pronto respondia: "Ou qualquer lugar do passado!".

Ouvir rádio hoje em dia, já não é tão fascinante. Ainda mais em ondas curtas. E depois de inovações tecnológicas como a internet, o mp3 player e o tal "Roku Network Music Player & Internet radio", o costume é mais que démodé. 

Mas eu, vindo de uma outra época, uma mais low-tech, tenho outros olhos. Usufruo as iguarias cybers atuais de forma muito mais profunda e completa. E as míticas "short waves" não mais fazem sentido. 

Pelo menos se você não estiver numa ilha deserta, aguardando um resgate, que talvez nunca aparecerá.

Cerimônia da boa adolescência


No cinema, vi um dos trailers de "Marie Antoinette", a recente película da Sofia Coppola. Um momento memorável: arrepiei-me ao ouvir uma das musicas de minha vida, vibrando bem alto das fabulosas caixas de som de um sistema 5.1. Era a canção“Ceremony”, do New Order.

Gosto desses momentos em que minhas lembranças parecem tomar vida, a ponto de saltar da mente, como que se exibindo e voando pelo espaço, alegre por reviver.

Talvez, da mesma forma, a garotinha do vídeo acima terá a mesma sensação nostálgica, quem sabe, um dia no futuro. Lembrará com saudades quando o irmão a filmava interpretando uma das músicas mais emblemáticas do grupo, em seu quintal pequeno, um mundo à parte em seus olhos imaginativos.

Dolce & Gabbana e seus anúncios de "liberdade criativa"



Mas esse aí foi vetado na Espanha, para o desprazer dos mais afoitos apreciadores de um bom "gang-bang".