Depois desta cacetada do John Waters, o que mais posso dizer?
A leitura é sexy!
O sol está intenso no sudeste. Em períodos assim, tudo combina com alegria, sorrisos, ou temas praieiros. Infelizmente, este não é o espirito que me inspira no momento. Tudo bem que desejei durante um ano inteiro de frio intenso que o calor viesse e aquecesse a vida...
Ele chega, faz seu trabalho direitinho. Mas logo, o paraíso vira inferno. A lua de mel tropical dura apenas uma semana. Depois, resta suor na camisa e pele ardida. E nesta selva, a de pedra, tudo se amplifica.
Os altos e baixos do tempo e do humor são difíceis de entender, mas temos que nos adequar a eles. Por isso, em meio a minha epifania rabugenta, declaro que o som do verão de 2014 (apesar deste ser um lançamento de 2013) é o álbum “False Idols”, do Tricky, rei do trip-hop, aquele mesmo de voz arrastada, que canta sussurrando de modo sinistro.
Infelizmente, mesmo com as facilidades da comunicação atuais, ainda não tinha degustado todo o álbum, considerado pelo próprio artista, superior a Maxinquaye, seu primeiro disco e um clássico do estilo.
Nas faixas, as mesclas sonoras já conhecidas, as construções de beats torpes, elegantes, darks, com o plus dos vocais lindos de gente como Francesca Belmonte, Fifi Rong, Nneka, Peter Silberman e, pasmem, Chet Baker.
É mais um bocado de grooves lentos, bem trabalhados, super “cavernosos”, para você adicionar a sua coleção. Ideal para quem está cansado desta sucessão de falsos arco-íris na moringa que é o verão no asfalto.
“False Idols” soa como a mais pura diversão. Ótimo para descer a serra, cair no mar, fazer aquela balburdia com os amigos… Só que não.
Deguste: