Eu sei que você gosta de dormir com a TV fora do ar. Sei que os milhares de pontos de pixels te lembram sêmens ensandecidos, apressados para fecundar um óvulo. Sei ainda que leva essa coisa de virtualidades e tecnologia pirata bastante a sério. Também acredito numa tecnologia de quintal, que te dá felicidade, apesar dos seus poucos atributos financeiros para comprar bugigangas de marcas oficiais.
Essa ideia não é nova. Foi herdade de William Gibson, no livro Idoru, com personagens hippies hightechs, que abandonaram a confecção de amuletos a base de Durepox, para produzir laptops e personal computers de forma artesanal, sendo vendido em qualquer praça, rua ou passarela.
Você prefere as metrópoles sujas do que um campo verde. Detesta raves em chácaras, sítios ou qualquer lugar natural. Acredita que os subgraves comuns nesses sons são um desrespeito a natureza e tudo que nela reside de mais puro. O ser humano, na sua visão, tem que apodrecer nos asfalto, nos seus lugares de concreto com ar processado que tanto vangloriam-se de poder estar.
Mas acredite nesta voz advinda do futuro, peregrino: por estar atrás, catando o que os outros deixaram e esqueceram, pode ser que nunca venha realizar alguma coisa de útil nesta vida. Desse modo, apresse-se. Empurre a multidão com socos e pontapés. Ao menos uma vez, tome a dianteira dessa turba boba que finge saber para onde vai.