Daytripper, o poder positivo da morte

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

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Memento Mori. Saiba que vai morrer. Lembre-se de que você é mortal. Lembre-se da morte. Memento Mori: devíamos tatuar no braço. Devíamos aceitar, relaxar, aproveitar, viver. Esses ensinamentos estão por toda parte em Daytripper, pérola rara dos quadrinhos modernos criada pelos irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá.

A história é sobre Brás, escritor de obituários e os diferentes momentos de sua vida. Rendeu aos gêmeos os prêmios Eisner e Eagle, além de ter sido indicada ao Harvey e ao Shel Dorf Awards, ficando duas semanas na lista de coletâneas em quadrinhos mais vendidas do The New York Times. É a HQ brasileira de maior sucesso que já se viu no exterior. Também, pudera, um conto que começa nas águas do Rio Vermelho só daria em boa coisa.

Demorei de ler porque sentia que não era a hora. Sabia misteriosamente que não devia tocá-lo antes do tempo. Mas no momento certo, na hora certa, o livro foi lido e acolhido pelo coração. Foi água fresca em garganta seca. Foi resposta divina caridosa para crente penitente. Foi melancolia afogada em alegria. Quase o sentido da vida para ateus convictos.

Ao fim da leitura, a sensação é de um estranho estado mórbido-positivo, com a certeza que tudo pode dar certo, mas sabendo que, uma hora ou outra, o tudo será nada. Ironicamente, é isso que deve impulsionar nossa experiência, sempre sem medo ou receios, pulando de cabeça na vida que pulsa bem diante dos nossos olhos.

Daytriper é um aviso, uma forma doce e melancólica de nunca deixarmos de acreditar em nossos sonhos.

Por isso corra para a vida, sempre há tempo!

 

 

 

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