Sessão da Tarde no Quarto: Kirikou et la sorcière

quarta-feira, setembro 30, 2009



Ainda como feto, exigia de dentro da barriga da mãe seu direito de vir ao mundo. E sob a ordem dela, Kirikou ao mundo, vem sozinho. E é de forma ao mesmo tempo infantil, meiga e questionadora, que nasce a paixão por esse pequenino personagem, oriundo das fábulas africanas.




Conta-se que Kirikou, era um menino nascido muito miúdo e morava numa tribo africana praticamente sem homens. Tudo culpa de uma feiticeira, Karaba, que não apenas devorou como escravizou os bravos guerreiros. Restaram apenas as mulheres e um velho, que acabam sendo perseguidos pela feiticeira e seus bonecos mágicos, os fetiches. 




Kirikou , apesar de muito pequeno, é esperto e muito ativo. Como um ser encantado, já nasce com a ânsia de ajudar seus entes queridos, sua família e os vizinhos de seu povoado. Fraco pelo tamanho, mas forte de ímpetos e inocência, é o único que não teme a maldade sem sentido da feiticeira Karaba, à qual o pequeno Kirikou sente a mescla de sentimentos como raiva, medo e admiração. 



Sempre resolvendo os problemas de forma criativa, Kirikou é a manifestação do novo, de algo que sempre irá questionar o modus operandi do mundo e que, acima de tudo, sabe que a ignorância é a única maldição para os povos oprimidos. 



Escrito e dirigido por Michel Ocelot em 1998, Kirikou et la sorcière (Kirikou e a Feiticeira), é uma magnífica animação que tomou por completo a minha simpatia, em mais uma tarde solitária de cinema em meu quarto. No ano de 2005 , houve uma segunda produção do mesmo diretor, Kirikou Et Lês Betes Sauvages, apresentando alguns fatos não mostrados no primeiro filme. 




Recomendo a adultos e crianças, adentraram o universo desse personagem que infelizmente, passou de forma incógnita pelo nosso país. Talvez, assim como aconteceu comigo, você fique deslumbrado, feliz e maravilhado com esta magnífica e emocionante animação. 




Sites Oficiais:




Momento Roland Barthes: A bolsa.

terça-feira, setembro 29, 2009




Nas superfícies dos oceanos Denotativos, apenas uma bolsa aberta. Nos subsolos úmidos do mundo Conotativo, uma bolsa aberta, rósea e aveludada.

Ilustração do dia: A troca de flores.

segunda-feira, setembro 28, 2009




Aqui, um delírio do artista Begemott. A simbólica ilustração de um amor impossível.
Antagonismos da vida?
A força e a delicadeza?
O inumano e o humano?
A mecânica e a biologia?
O autômato e a criança?

Ou simplesmente a ligação invisível do afeto?






A simplicidade genial de Panzo Di Ferragosto




As tardes, assim como os anos, têm passado de forma rápida. Quentes que são, dão-me um sono sobrenatural. Caio na cama e olho o telhado. Em especial, uma pequena fresta, fruto das caminhadas noturnas dos gatos vadios. Dali, saí a luz amarela do fim da tarde. Uma luz que me guia, como uma passagem, para um sono rápido, cheios de sonhos mirabolantes, com lugares e pessoas que foram resquícios de minha vida, principalmente da infância.

Ao acordar, a mente está viva, afiada como um bisturi de ouro, leve como a pata de uma minúscula formiga. Ideal para sorver o mundo e suas mais variadas manifestações artísticas. Então, não quero mais passar tardes de sono sem sentido, que consomem o tempo e engordam minha barriga. Por isso, nessa semana, escolhi o cinema para manter minha mente viva. E assim vou passar essas tardes.

É como uma espécie de "Sessão da Tarde em meu quarto". Nele há um critério que sigo: os filmes surgem ao sabor do acaso. Ao folhear uma revista antiga, um jornal velho, uma dica de amigo, uma lembrança repentina. Nada de listas, nada de períodos, nada de estilos. Só o acaso.
Comecei com a comédia italiana "Panzo Di Ferragosto", dirigido, escrito e atuado por de Gianni Di Gregório. Na pele de um cinquentão solitário e claro, solteiro, Gianni é um daqueles personagens que carregam toda uma áurea de homem sofredor, que só fez bobagens na vida e não conseguiu crescer no amor e tão pouco na vida profissional. Dedica-se exclusivamente aos cuidados da mãe, bastante idosa e cheia de pequenas manias. Com muitas dívidas, tem nos vinhos brancos o único alivio para uma vida enfadonha e sem grandes perspectivas.

Ao menos por um fim de semana, tudo muda: o síndico do condomínio o procura para uma proposta tentadora: ele aliviaria as dívidas de Gianni caso aceitasse cuidar de sua mãe, também uma mulher idosa, para que ele aproveitasse o "Ferragosto", um dos feriados mais importantes da Itália. O tal feriado é celebrado no dia 15 de agosto, um momento que a população aproveita para ir à praia, ao campo, entre outras pequenas celebrações em família.





Além da mãe do sindico, outras senhoras acabam indo parar nas cuidadosas mãos de Gianni. E ele se vira como pode para proporcionar momentos alegres e calorosos para essas senhoras tão irrequietas. A maioria das resenhas que li, trata o filme como uma típica comédia italiana, uma crônica de costumes de uma Roma sem glamour, onde o povo comum é evidenciado. E é verdade.




O simples, o corriqueiro, as coisas normais da vida, ganham aqui um lugar mágico. Sem efeitos, sem grandes eventos, apenas um solteiro endividado cuidando de velhinhas espirituosas. Senhoras que nos ganham o coração e nos despertam para o simples da vida e o momento que, uma hora ou outra, teremos de enfrentar: a velhice.




Adiciono ainda, o fato do personagem Gianni carregar em suas feições, uma certa "tristeza esperançosa", um certo "cansaço do mundo", que me foi bastante singular. Mas nada disso o torna uma pessoa amarga, sem coração. Na verdade, é um ótimo filho, dedicado aos caprichos da mãe, que lhe ensinou a boa culinária italiana e a apreciação dos vinhos. Um filme em que nada acontece, e que exatamente por isso, é tão especial.





E com a fita, confirmei algo que sempre quis saber: o povo simples da Itália é realmente "tutti buona gente!".

Trailer:






Seja Cool!

quarta-feira, setembro 23, 2009




Seja cool: Consuma as Hq´s independentes do Brasil!


Dia D, de Drummond

segunda-feira, setembro 21, 2009

carlos-drummond-de-andrade-1902-1987



Penetre surdamente no reino das palavras, pois é nele que se encontra a vida e a obra de um dos maiores poetas da língua portuguesa. Vá e seja bem-vindo ao póstumo templo virtual erguido em nome do imortal poeta Carlos Drummond de Andrade, aquele que libertou o verso de suas amarras, mas cujo maior talento era a humildade diante do próprio.



O Leitor



Não é uma resenha, pois há muitas por aí, repetindo-se como um eco eterno pelas conexões da grande rede. Não é um comentário analítico, pois não tenho o interesse de masturbar-me intelectualmente e de forma pública. É apenas o que achei mais digno a contribuir com o conhecimento do resto do planeta. Por isso, penso que:

- Cada livro é um micro-universo.

- Cada livro é uma micro-vida.

- Cada livro é uma simulação de algo que você talvez nunca vá viver.

- É um caminho solitário para aventuras silenciosas.

- Um mergulho profundo dentro de nossas vozes inconscientes.

- Uma licença temporária para viajarmos por sonhos lúcidos.

Então, é realmente uma tristeza quem está privado dos livros e seu código primário: a leitura. Seja por deficiência ou ignorância, é uma porta a menos para fugas necessárias. Uma forma de estar vivo e morto ao mesmo tempo. Ou um nutriente a menos para fortificarmos nossa invisível sabedoria.

Assim sendo, não ler seria, como a osteoporose do espírito.




Pegando pesado com Rammstein

quinta-feira, setembro 17, 2009

 

Jonas Åkerlund é um sueco muito louco. Nos anos 80, tocou na clássica banda de Black Metal Bathory. O tempo passou e ele resolveu ser diretor cinematográfico, mais precisamente, na área dos videoclips.

 

Fez alguns com o Roxette, Madonna, U2 e outros ícones pops. Porém, o que o deixou realmente conhecido, foi suas polêmimas, como no clip-junkie “Try, try, try”, do Smashing Pumpkins. Alí se encontrou, adotando a postura “barra-pesada” como principal estilo.


Não à toa que a banda de metal/industrial Rammstein o convocou para produzir o clip “Pussy”, que está em seu mais recente CD, intitulado "Liebe ist für alle da" (O amor é para todos), (que por sinal, já vazou na internet). O clipe, claro, tem na polêmica seu ponto forte, com um pesado conteúdo pornográfico.

 



 

No vídeo em questão, os próprios músicos aparecem em cenas de sexo e atuam literalmente conforme a letra, que diz: “Você tem uma..., eu tenho um.../ Então, qual é o problema? / Vamos fazer rápido”. Paralelo a isso, sequências de imagens com muito sadomasoquismo, mulheres enormes com o rosto de nerd do tecladista e uma bizarrice sem igual: uma “suave alusão à coprofilia”.


Sentiu o drama?


Obviamente, o lançamento do vídeo não aconteceu na TV, mas apropriadamente em um site de conteúdos para adultos. Esse novo álbum é o primeiro da banda em quatro anos e chega às lojas em 16 de Outubro (como se hoje em dia alguém frequentasse alguma loja de cd´s!).



Se você é maior de 18 anos, confira a bagaceira:


http://www.visit-x.net/CAMS/US/specials/Rammstein.html?track=Index


Críticas e censuras? Não perca tempo, os caras do Rammstein, não estão nem aí.

Wi-fi para quem?



É o que imagino, quando vejo twitters com seus efusivos comentários de aquisições tecnológicas.

Via @carlosaraujo

Hoje, na Folha de São Paulo.

Foto do dia: Carlo Mari

terça-feira, setembro 15, 2009


De perto, tudo parece grande!

Air - Sing Sang Sung

sexta-feira, setembro 11, 2009



O mundo conheceu hoje a calma psicodelia de "Sing Sang Sung", primeiro hit de "Love2", novo album do Air.

Um desejo: camisa pós-cyber.

terça-feira, setembro 08, 2009





Um mostro eletrônico com milhões de cabeças nos observa e oprime sem ferir. Conhece nossos passos, nossas rotas, nossos gostos, nos "guarda" da maldade inerente do ser humano. Mais que uma estampa, um grito de liberdade cool!

Uma dica de @kr3st0

Vídeo-arte do Dia: Ólafur Arnalds - Ljósið




A impronunciável "Ljósið", do islandês Ólafur Arnalds, surgiu hoje (08.09.2009) aos meus olhos e ouvidos como uma dica do grande mestre da ilustração moderna, @Davemckean (aliás, chamar Dave Mckean de ilustrador é raso, é pouco, é até herético. Prefiro sua auto-definição no twitter: "Write, draw, paint, design, photograph, publish, play, eat, sleep, dream, fish").

Ólafur Arnalds é um daqueles prodigiosos artistas de sinfonias delicadas e oníricas, mentor de texturas sonoras que remetem aos sonhos mais surreais. O vídeo em questão teve direção do argentino Esteban Diácono, um "motion graphics designer" com inspirações que vão além do que nossa sã consciência pode imaginar. Só mesmo a arte digital para dar vida ao que o dicionário Michaelis denomina como "sequência de imagens e de fenômenos psíquicos que ocorrem durante o sono".

Um fotógrafo: Antonio Andrade

quinta-feira, setembro 03, 2009



Glamour, decadência, erotismo, urbanidade, fetiche, “trash 80”. O estranho e imaginativo portfolio de Antonio Andrade, fotógrafo brasileiro de moda, que aos poucos ganha a devida visibilidade mundial. 



'Homem de Ferro" em fluxo de pensamento.


Ontem à noite finalmente assisti a Iron Man. Não delirei nem tive espasmos de felicidades. Apesar de toda aquela tecnologia prodigiosa de Tony Stark, que sempre me envolveu nos quadrinhos. As tecnologias sempre estiveram dentro do meu imaginário. Sempre estiverem no momento necessário onde uma companhia humana não estava. Uma TV Philco antiga, uma vitrola sonata e um rádio velho da Sharp que sintonizava ondas curtas e línguas estranhas. Toda a minha adoração por máquinas veio desses três objetos. Por isso, gosto de filmes como Iron Man. Tanto que o achei interessante, mesmo com o sono da tarde acumulado nos olhos. Não gostava de dormir nesse período, mas meu corpo muda. Desaprende a cada dia a ser jovem. Acho que por isso se fosse mais novo, meu cérebro teria adorado e amado Iron Man. Como estava dizendo, não é de todo ruim. Claro que tem que ser fan de quadrinhos, dos heróis impossíveis que ali vivem. É vibrante a velocidade, a tecnologia total que o personagem se insere. Uma boa dose de impossível que alimenta meu estado adulto. Refrigera a memória adolescente que outrora meus poros derramavam em suores de camisas pretas de bandas obscurras. Foi um momento comigo mesmo, deitado na cama, com o LCD virado para o colchão. Lá fora, chovia lá e ventava muito, gotículas do céu pingavam na tela, exagerando os pixels em multicores como arco-iris digital. Não sei como, nem porque ainda assisto a blockbusters e sucessos de bilheteria. Mas mesmo assim, gosto de lamber a cultura de massa de longe. Gosto de ouvir os burburinhos que a a multidão emite. Mesmo que seja para falar mal, ou “um pouco bem”. O fato é que assistia aquele festival de tecnologia cinematográfica e me sentia mal em pensamento. Havia comprado esse DVD no antigo trabalho, por 5 míseros reais. Não me orgulho disso, eu sei, mas, o filme devia ter sido caro e cheio de cifras. E eu ali, no meu colchão babado, cheio de imensas manchas de saliva, assistindo a uma cópia pirata de 5 mangos. A pessoa que me vendeu alugava os filmes e os copiava em casa. Pessoas como ela detonam as locadoras. Falta-me frases, falta-me palavras. Falta-me imaginação, criatividade, doçura na língua, mais adjetivos, sangue literário nas veias. Suar palavras pelos poros. Arrotar histórias sem fim e fantásticas. Aqui estou mais uma vez, repetindo palavras. Repetindo alusões. Corpo, poros, sangue, saliva. Querendo ser grotesco e anormal. Levando a mente pela sinuosidade das letras. A eterna estrada do texto perfeito que nunca acaba. Tão brilhante quanto o dourado da estrada de tijolos de ouro da pequena Dorothy rumo ao castelo grandioso do Mágico de Oz. Tão dourado quanto o sol que em instantes nascerá no horizonte. Tão “amarelamente” dourado quanto a carapaça cibernética do Homem de Ferro, minha primeira tatuagem falsa de chiclete!

A Sombra do Desejo.


Dennis Hopper em seu (único?) personagem “Loser”, Frankie, tem 45 anos e há vinte trabalha para o sanguinário Sal (Michael Madsen), um psicótico que gosta de recolher os testículos de seus inimigos. Sal é dono de um império de filmes pornôs, que humilha Frankie, chamando-o de “Mosca” (Fly).


Mas nem tudo está perdido na vida de Frankie. Ele conhece a atriz pornô Margaret (Daryl Hannah), única pessoa que o trata com respeito e carinho, encantando-se de imediato pela moça. Movido por uma paixão quase adolescente, bate de frente com o truculento Sal para tentar mudar sua própria vida e de sua paixão.


Um drama policial dirigido por Peter Markle (o mesmo de séries de TV como "Arquivo X", "Plantão Médico", "C.S.I." e "The District"), com cenas e diálogos extraordinários. Como por exemplo, logo após Frank conhecer Margaret num set de filmagem.


Os dois decidem dar uma volta pelas ruas na madrugada fria. Com suas longas pernas de fora e vestida de dominatrix, ela quer sentar-se em um banco de praça para descansar e conversar melhor. Frank, educadamente, retira seu blazer e o coloca sobre o banco, para que ela fique mais confortável. Impressionada com o cavalherismo do homem, Margaret lhe diz:

- É um bom palitó, não posso sentar aí!

Frank ri graciosamente e lhe diz ainda de forma mais educada:

- Um bom bumbum, merece um bom palitó!

Margaret ri alto e retruca:

- Ok. Espero não melar ele de esperma!


É nesse clima que "The Last Days of Frankie The Fly" se desenrola e encanta. Para deixar a coisa ainda mais bacana, o filme é devidamente embalado pela sonoridade jazzy 60's de George S, Clinton, cheias de seus trompetes charmosos, bongos vibrantes e clarinetes soturnos.

Um filme simples, levemente triste e bonito de se ver e ouvir.


As novas formas de produção da música eletrônica

quarta-feira, setembro 02, 2009


Estava clicando por aí, no que talvez Kerouac chamava de "seguir os livres desvios (associações) da mente por entre ilimitados percursos em um oceano de pensamentos", quando vi esse vídeo do programa "Espaço Aberto" da GloboNews, que foi ao ar no dia 31/08.

A pauta dessa reportagem, está sobre o fato de como muitas bandas abandonaram os instrumentos tradicionais e incorporaram ao seu som, computadores e videogames para criar composições que vão além das limitações da música. Aqui, as novas formas de produção da música eletrônica tomam forma.





Por que é legal ver a reportagem? Instrumentos tocados por Joysticks do Wii e uma ótima idéia criada pelo (Blerg!) Tico Santa Cruz, o "Sarau Eletrônico". Vale a pena!