'Homem de Ferro" em fluxo de pensamento.

quinta-feira, setembro 03, 2009


Ontem à noite finalmente assisti a Iron Man. Não delirei nem tive espasmos de felicidades. Apesar de toda aquela tecnologia prodigiosa de Tony Stark, que sempre me envolveu nos quadrinhos. As tecnologias sempre estiveram dentro do meu imaginário. Sempre estiverem no momento necessário onde uma companhia humana não estava. Uma TV Philco antiga, uma vitrola sonata e um rádio velho da Sharp que sintonizava ondas curtas e línguas estranhas. Toda a minha adoração por máquinas veio desses três objetos. Por isso, gosto de filmes como Iron Man. Tanto que o achei interessante, mesmo com o sono da tarde acumulado nos olhos. Não gostava de dormir nesse período, mas meu corpo muda. Desaprende a cada dia a ser jovem. Acho que por isso se fosse mais novo, meu cérebro teria adorado e amado Iron Man. Como estava dizendo, não é de todo ruim. Claro que tem que ser fan de quadrinhos, dos heróis impossíveis que ali vivem. É vibrante a velocidade, a tecnologia total que o personagem se insere. Uma boa dose de impossível que alimenta meu estado adulto. Refrigera a memória adolescente que outrora meus poros derramavam em suores de camisas pretas de bandas obscurras. Foi um momento comigo mesmo, deitado na cama, com o LCD virado para o colchão. Lá fora, chovia lá e ventava muito, gotículas do céu pingavam na tela, exagerando os pixels em multicores como arco-iris digital. Não sei como, nem porque ainda assisto a blockbusters e sucessos de bilheteria. Mas mesmo assim, gosto de lamber a cultura de massa de longe. Gosto de ouvir os burburinhos que a a multidão emite. Mesmo que seja para falar mal, ou “um pouco bem”. O fato é que assistia aquele festival de tecnologia cinematográfica e me sentia mal em pensamento. Havia comprado esse DVD no antigo trabalho, por 5 míseros reais. Não me orgulho disso, eu sei, mas, o filme devia ter sido caro e cheio de cifras. E eu ali, no meu colchão babado, cheio de imensas manchas de saliva, assistindo a uma cópia pirata de 5 mangos. A pessoa que me vendeu alugava os filmes e os copiava em casa. Pessoas como ela detonam as locadoras. Falta-me frases, falta-me palavras. Falta-me imaginação, criatividade, doçura na língua, mais adjetivos, sangue literário nas veias. Suar palavras pelos poros. Arrotar histórias sem fim e fantásticas. Aqui estou mais uma vez, repetindo palavras. Repetindo alusões. Corpo, poros, sangue, saliva. Querendo ser grotesco e anormal. Levando a mente pela sinuosidade das letras. A eterna estrada do texto perfeito que nunca acaba. Tão brilhante quanto o dourado da estrada de tijolos de ouro da pequena Dorothy rumo ao castelo grandioso do Mágico de Oz. Tão dourado quanto o sol que em instantes nascerá no horizonte. Tão “amarelamente” dourado quanto a carapaça cibernética do Homem de Ferro, minha primeira tatuagem falsa de chiclete!

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