Perambulo pelo shopping. Ânsia de ter. Comprar objetos com
felicidade embutida. Tecnologias modernas que te conecta ao mundo. Não há
dinheiro. Ou dinheiro insuficiente para luxos high-tech. Entro na livraria.
Dedos abrem e fecham diversos
livros. Olhos consomem palavras rapidamente. Frases aleatórias pulam das
páginas. Penso em dinheiro fácil, em sucesso na carreira, em ter seguidores (no
mundo moderno você tem seguidores, não amigos), layouts de blogs, podcasts que
tenho que ouvir, fotos engraçadas para fotolog. Preocupações medíocres.
Amiga invisível de longas datas,
essa minha mediocridade. Tantas coisas mais urgentes na vida e a maturidade
clamando por bobagens que dão apenas prazer. Para uns há retorno financeiro.
Mas ainda não saquei como isso ocorre. Vida real, idem na vida virtual:
lagartixa nunca chega a jacaré!
Bom, não importa. Encontrei Julio
Cortazar e seus textos-drops inspiradores. Os dois livrinhos, capa cinza quase
prateado, figuras entre os textos. Os dois. Ambos "cheios de memórias, artigos,
poemas, contos curtos, ensaios, recortes de notícias..." Argentino bacana,
descrito por Llosa como um
escritor cheio do "impudor adolescente". Sob as luzes amarelas do
lugar e do frio artificial de ar processado, eu me encantei. Preciso aprender
com Julio, pois como ele "escrevo por incapacidade, por
descolocação".
O vendedor se aproxima e pergunta
se preciso de ajuda. "Ajuda" aqui pode ser interpretada como
"vai levar ou não vai porra?" Respondo: "Por enquanto só
olhando... Mas mês que vem eu compro."
Ah Julio, se tu soubesse o quanto
essa internet fode minh´alma!
Se tu soubesse que só vou te conhecer
melhor com a ajuda do meu 13º!
Um comentário:
essa edição é meio estranha ein.
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