A sinfonia de bolso do Air

sexta-feira, maio 25, 2007



Momento terrível: um abismo, um vazio. Ocasião aterradora derivada da clássica falta do que escrever. Esse momento em que o branco da tela do editor de textos nos maltrata com nada mais do que seu branco infinito e, lógico, vazio.

Como seria melhor se inventassem um "pano de fundo para páginas do Word". Pense bem, escrever sobre o céu, uma paisagem paradisíaca, sobre a galaxia, a lua. Tenho certeza que o ato da escrita fluiria tão mais fácil, tão mais suave. Ainda mais para quem a presença divina da inspiração é tão rara quanto às aparições da Virgem de Fátima.

Mas, valha-me deus, é só começar a ouvir Air que tudo muda.

Na verdade, procurava palavras para descrever as sensações que venho experimentando com o novo "disco", apropriadamente intitulado de "Pocket Symphony". Apropriado porque nesses tempos de miniaturização tecnológica, tudo é permitido levar no bolso. E como é bom ter essa pequena sinfonia retro futurista em nossos bolsos. Levar conosco pequenos universos transcendentais na palma da mão. Portas dimensionais para mundos alternativos de nossa mente. Portas sonoras para mundos de calma, de paz lisérgica e infinita.

Todas as 12 faixas são novas, mas o deja vú, a sensação de que já conhecíamos a canção de algum lugar, é inevitável. E não estou dizendo com isso que eles estão se repetindo, que não conseguem produzir novos clássicos. Conseguem ter a habilidade rara de construir sonoridades que "colam" imediatamente em nossos tímpanos. Daí vêm essa sensação de "onde eu conheço isso?"

Por exemplo ouça "Napalm Love" e vai entender o que estou falando. Com simples frases, constroem uma sonoridade grandiosa, como se as palavras cantadas fossem um instrumento. 

Todo o álbum parece ter sido feito para Charllote, personagem de Lost in Translation. A começar pelas inserções de instrumentos típicos japoneses, como o koto e o shamisen. O site oficial, mostra uma sala ampla, com janelas panorâmicas, igualzinho ao filme. Além de objetos com design estilo 60´s, mostrando a influencia desse "futuro do passado", marca registrada do Air.




Nenhum comentário: