Mariposas tontas apaixonadas, orientadas não pelo brilho da lua, mas pela luz artificial dos postes. Acredito que essa possa ser a metáfora mais próxima para estudantes de jornalismo, seres oriundos do mundo de Morpheus, bobos e sonhadores por natureza.
Falo com ganho de causa, afinal, fui assim. Aliás, sou assim. Mas tenho consciência. Pago, literalmente, muito caro por isso. O peso dessa insistência em certos aspectos da profissão, cai pesadamente sobre os ombros.
Mas, como para quase tudo há uma cura (até mesmo o devaneio em questão), será que existe uma receita que ajuda contra esse doce feitiço que sempre ataca os olhos puros dos infantes?
Sim. Acredito que The Newsroom seja o balde de água fria (no bom sentido) necessário para tirar as remelas secas de quem segue o caminho. Estrelada por Jeff Daniels e escrita Aaron Sorkin (ganhador do Oscar pelo roteiro de “A Rede Social”), os acontecimentos da série se passam nos bastidores de um telejornal americano.
Além de roteiro formidável, The Newsroom é aula de um jornalismo que jamais chegaremos a ver. Uma utopia sensata, um norte, um guia para estudantes ou até mesmo profissionais calejados, para tentarmos nos espelhar no que ali é mostrado.
No enredo, há dois pequenos pontos que, apesar de divergentes, são o cerne da coisa toda: as grandes decisões, com apurações acertadas e, “tchan nam nam nam”, os grandes erros que ali são cometidos.
Ah, esses fabulosos equívocos que nos fazem suar frio, gaguejar até revirar os olhos ou sujar as calças. O salgado gosto de errar no jornalismo e suas dimensões inimagináveis.
Quem viveu um grande engano nesse meio, sabe as consequências drásticas. Dentro desse universo tão amplo, complicado e egóico, em que âncoras e colunistas são deuses de um panteão superior aos dos gregos, um mínimo deslize pode tomar proporções gigantescas.
E na série, isso não é deixado de lado. É o que faz ser tudo tão genial. Mas não ache que sou um pessimista, pois nem tudo são ardores d´alma, meus queridos.
O faro dos personagens para encontrar notícias, lapidá-las e transformar tudo em show, é impressionante. São lições que jamais teremos na escola, que proporciona deleite ao telespectador a cada fim de episódio.
Claro que pode haver exageros de minha parte. É apenas uma opinião rasa de tudo. Em caso de você conferir in loco, e achar que fui errônea em minhas palavras, ao menos perceba que a série pode ser um portal para um nível de pensamento superior. Ou, como bem disse o Matheus Souza, de O Globo, “The Newsroom’ me dá vontade de ser uma pessoa melhor”.
Por isso, meus caros coleguinhas, assistam The Newsroom. Reforcem seus votos de fé nesse grande engodo que chamam de dom, nessa deliciosa arapuca que sabemos que poderemos cair e nos espatifar, mas que, mesmo assim, fechamos os olhos e curtimos numa boa.
Não estou sozinho nesta. Segundo o grande Duda Rangel, há 10 razões para ainda se acreditar no jornalismo. Uma delas é esta: “vejo muitos jovens com um puta tesão de resgatar os bons valores e ideais do jornalismo. Sim, há esperança. Com fé, em pouco tempo o Galvão Bueno se aposenta. Isso também já vai ajudar muito”.
Delírios à parte, por favor, fiquem firmes.
Vamos todos nos esquecer da parte ruim que nos circunda. Vamos todos juntos mergulharmos na desgraça, nos deixar seduzir pelo maldito canto da sereia.
Depois, o pior que pode acontecer é ouvir as vozes de nossas mães ecoando fantasmagoricamente em nossos pensamentos: “Eu te avisei que engenharia seria melhor”.
É isso, assistam The Newsroom.
+ http://www.episodioscomentados.com.br/search/label/The%20Newsroom
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