Alguns níveis da sociedade atual parecem estar empregados com uma agregação de valor, uma certa dose de influência daqueles que ditam o que é cultura, o que é legal ou não.
Estes, por terem força midiática, acabam ofuscando o que de realmente há de brilhante bem debaixo dos nossos narizes, uma riqueza estética que nasce nas periferias deste país continental, que parece ter olhos apenas para o extremo norte ou além das águas atlânticas.
Estes, por terem força midiática, acabam ofuscando o que de realmente há de brilhante bem debaixo dos nossos narizes, uma riqueza estética que nasce nas periferias deste país continental, que parece ter olhos apenas para o extremo norte ou além das águas atlânticas.
Um exemplo: as exposições Lady Warhol (MAM, até o dia 23/06) e Design da Periferia (Pavilhão das Culturas Brasileiras, até 29/07). A primeira, claro, bem mais em voga que a segunda.
As imagens de Christopher Makos são ótimas, mostrando não o artista, mas sim um modelo em busca de identidade, que se transforma em diferentes personagens ao longo das sessões de fotos.
Aqui, o próprio Warhol é alvo de sua obsessão e inspiração: publicidade, moda e auto exposição de quem se envolve com esse universo.
Aqui, o próprio Warhol é alvo de sua obsessão e inspiração: publicidade, moda e auto exposição de quem se envolve com esse universo.
O que realmente defendo, é que, esta exposição foi mais alardeada pela imprensa do que a outra. O espaço onde estavam expostas as fotos de Warhol fervilhava de gente, enquanto que, em Design da Periferia ouvia-se até os roncos dos intestinos de tão vazia que estava.
Repito que não é um bairrismo meu, um ufanismo desmedido, mas sim a certeza da presença de uma antiga e arraigada cultura em nosso país do que só é legal se for estrangeiro, ou, se um estrangeiro disser que é legal.
Vide Tom Zé, que precisou da benção de David Byrne do Talking Heads para automaticamente cair nas graças dos antenados mais modernos.
Vide Tom Zé, que precisou da benção de David Byrne do Talking Heads para automaticamente cair nas graças dos antenados mais modernos.
Por isso, envolvido neste desgosto que me dá certos conterrâneos que tem o poder da palavra no país, cometo agora, o pecado da comparação.
A força criativa de Design da Periferia, que nas palavras da curadora Adélia Borges está repleta de “soluções estéticas que nada ficam a dever a projetos de designers formados em universidades”, é bem mais interessante que as escassas fotos do Warhol travestido. E quem quiser me processe ou “me pegue na saída”.
Lady Warhol é legal, mas parece aqueles álbuns de sobras de um cantor morto, lançado postumamente. Não acrescenta nada a sua já notória genialidade.
Por isso, fico com as preciosas lições de design que vem do povo.
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