The Raveonettes – I wanna be adore (Stone Rose´s cover)
Porque, no fundo, todos querem ser a estrela de alguma coisa.
The Raveonettes – I wanna be adore (Stone Rose´s cover)
Porque, no fundo, todos querem ser a estrela de alguma coisa.
Se hoje sou um chato, que não se contenta com a média de comunicadores que sempre se transformam em pura mediocridade (e eu posso estar nesse meio, mas estou cônscio e luto contra ela), a culpa é de Gay Talese, que me abriu os olhos para o caminho da escrita cotidiana que pode ser transformada em eterna.
E analise com cuidado o título deste post, pois saiu da mente dele e pode mudar o seu futuro, caso você optou por esta arte tão nobre, em que vencem os de talento nato ou o que mais baba os enrugados e peludos sacos escrotais dos donos do poder.
É fácil se automotivar sob o sol, nas paisagens que fazem o coração explodir de alegria e satisfação.
Por isso que foi duro manter essa sessão nas segundas, visto que o frio parece que petrificou minhas motivações e tudo o que provoca inspirações.
Mas o que acabei esquecendo por força das atribulações da vida, é que você não pode ser o que te rodeia, mas lógico, o que sonha e anseia.
E lendo um trecho de A hora da estrela, de Clarice Lispector, a chama dessa ideia reacendeu vontades, principalmente a de estar aqui, tão cedo pela manhã, no primeiro dia da semana.
“Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite”.
E é exatamente isso que não posso esquecer jamais: serei àquilo que temo para não ser paralisado pelo temor. E fale o que quiser, mas eu também sou o escuro da noite, assim como o claro do dia que apenas começa.
Ilustração: “There´s a light that never goes out”, de Frank Chimero.
Já falei sobre a Peito aqui e dispenso mais comentários. Mesmo assim, mando mais um: a banda instrumental mais interessante da velha soterópolis cresce em qualidade e desempenho.
É curtir e dançar sem moderação!
The XX – Angels
O trio inglês The xx divulgou nesta segunda-feira (16/07/2012) a faixa "Angels", primeiro single de "Coexist", o novo álbum a ser lançado em 10 de setembro deste ano.
Para os fãs, continua o minimalismo soturno, denso e calmo, marca registrada do grupo.
Na preguiça das 11h de um domingo que pendulava entre os 16 e 13º Celsius (temperatura suficiente para castigar as pontas dos dedos e desejar comprar um par de luvas), foi o momento de conhecer a famosa feira de artesanatos, bijuterias, camisetas, objetos de decoração “hippie”, tempurás gigantescos, pasteis e coisinhas mil que somente no sétimo dia da semana tomam vida na Praça da República.
A feira, (não somente esta, qualquer uma), é uma pequena celebração de viver em comunidade, na cidade, entre tantas pessoas de tantas ramificações do mundo. A da Praça da República é um exemplo bonito aos olhos e estômago. Dizem que ela começou com um único homem, J.L. Barros Pimentel, no final dos 50, um filatelista que vendia selos raros, o que atraiu colecionares de moedas, depois vendedores diversos até chegarem os “hippies”.
A cada passo, a diversidade te concede o prazer de comer bons doces, salgados e quitutes inconfundíveis de lugares do Brasil e do mundo.
São esses elementos que atraem as pessoas, que borbulham comprando e comendo, aglomerando-se, desfrutando o dia, do pouco sol e do ar um pouco mais puro. Deve ser a falta de uma praia próxima que provoca isso, essa coisa da cidade olhar mais para dentro de si, sabendo usar de uma forma mais eficaz dos seus espaços urbanos.
E o urbano reina porque não tem o grande inimigo da bela natureza, de praias que se deitam lindas sob o sol vigoroso. Claro que isto é também beleza e que muito prezo, pois não suporto ver grandes lugares, tais como os incríveis cenários de Salvador, desperdiçados. Mas valorizar a urbe é tão importante quanto à natureza, já que passamos muito mais tempo no concreto que na terra propriamente dita.
Por isso, que ainda ando e não me canso, pois nada melhor que degustar “um concreto de qualidade”, que te enche de proteínas e cultura.
Leitura. Livro. E-book. Tablet. Nos tempos que correm, uma das mais antigas técnicas humanas passa por uma transformação sem igual, fazendo-nos ser espectadores de uma revolução sem precedentes, nos deixando à deriva, com mais dúvidas que certezas.
O documentário “Transcrever” pretende direcionar e refletir sobre essa convergência de linguagens, formatos e plataformas. No site do projeto, a discussão se amplia e tenta nos dar um parâmetro para um mundo novo que ainda se molda e que não tem previsão de se definir.
Assista ao teaser:
Vocês devem saber: gifs são estes tipos de arquivos de imagens, que em loop, eternizam um momento, geralmente uma cena de uma animação ou filme. Por aqui, quando aparecem, tem um significado cômico do lado de dentro da tela, mas trágico do lado real, de quem escreve.
E esta Vandinha Addams sapateando loucamente enquanto o mordomo Tropeço observa, significa, para este escriba de pixels, que "dancei na maior gripe de todos os tempos". Um contraste, entre o cômico e o trágico, que ensina como toda grande cidade pode te dar as boas vindas.
Os dias ainda são poucos para dizer que já me acostumei as grandes dimensões de São Paulo. Apesar de até mesmo uma rápida ida à padaria da esquina seja uma experiência sensorial curiosa, no fundo sinto que aqui há engrenagens que se encaixam perfeitamente as minhas. Tudo funciona como ansiava que funcionasse. E a diversidade de pessoas, lugares e coisas, me dão perspectivas necessárias para fincar bandeiras. Há um gosto, uma vontade de consumir tudo ao mesmo tempo e, ao mesmo tempo, o medo de me entupir com tudo isso.
Sua grandiosidade pode até parecer temível, mas é como um gigante que te passa uma segurança interessante. As pessoas estão nas ruas aos montes, a qualquer hora do dia. Vivem cada uma sua rotina da maneira como querem, sem julgar o outro. Ao menos, aparentam isso.
Nos pontos de ônibus ou estações do metrô, muitos estão com seus smartphones, tablets ou livros em punho. Não é o lugar mais seguro do mundo, mas há uma certa liberdade para mergulhar sem receios nessas mídias, sempre entre uma espera e outra. E mesmo essas esperas, são tempos determinados, como se tudo fosse cronometricamente planejado.
Sou anônimo, quase invisível entre todos, o que me dá o poder de observar discretamente os muros, construções, pichações, grafites, as variações de cinza do concreto, os bares charmosos, o frio...
Ah, o frio, que me racha os lábios e me espreme os ossos! Acostumado ao calor extraordinário da soterópolis, em que mesmo sem olhar o relógio, o corpo percebe que momento do dia se encontra, aqui parece apenas existir a manhã e a noite.
A epiderme entende sempre que estamos ainda nas 07 horas da manhã e a tarde é um arremedo do que eu conheço por “tarde”. É como um jet lag espiritual-climático, em que minha alma aparenta ter ficado sob o sol do inverno-que-mais-parece-verão da Bahia. Mas não reclamo...
Tudo é aprendizado e aceitação das coisas como elas são. Prova maior é meu olhar sobre os pontos negativos, que aqui, logicamente, também existem. Em especial (e propositalmente excluo o turbilhão de gente aglomerada em horários de pico, já que ainda não tive o “prazer” de estar na situação), escolho um ponto que é típico de qualquer grande metrópole: moradores de rua e pombos.
Estas duas criaturas convivem em perfeita harmonia, em uma simbiose que só um olhar virgem da cidade pode perceber. A diferença tremenda é que os pombos parecem elegantes, mais dignos em seu ciscar frenético e impaciente, com suas plumas de cores discretas. Já os humanos, parecem trapos ambulantes, cinzas, o pano de chão da cidade. Os dois, dividem o ouro de suas vidas: restos de comidas. Discrepâncias que jamais deveriam ser tomadas como normal, mas tenho a consciência que, em breve, vão “ficar invisíveis” até aos meus olhos.
De qualquer modo, tudo é ainda muito cedo para grandes conclusões, mas como disse no início, as engrenagens se encaixam. Só vem me incomodando mesmo algumas saudades, e estas são três: minha mãe, minha gata morta Aisha e, meu Deus, quem diria, a areia confortavelmente morna das praias de Ipitanga e Arembepe, se moldando entre os dedos dos pés, relaxando os nervos.
Mas estas areias, tão longínquas agora, ainda me ensinam de seu modo tão peculiar. Parecem dizer, “molde-se àquilo que te pisa, peregrino”!
Com certeza, a coisa mais sábia a fazer!