Um clichê sobre o tempo

segunda-feira, maio 14, 2012

deniac_Matthias Heiderich

 

Um medo se materializa: só conseguir fazer algo impulsionado por deadlines, pelos últimos minutos, em cima da hora. Uma maldição, na obscura e deprimente perspectiva negativa. Um dom, na claridade enérgica do olhar positivista.

O que é interminável, inesgotável, abundante, não nos seduz. Os prazos, os limites, o tempo curto, estes sim nos são caros. São as chicotadas que impulsionam, que transformam a mente preguiçosa em máquina criadora de soluções para os problemas da vida. É a sede que faz valorizar a água. A saudade que germina amores.

Corro por um prazo para chegar em tempo. Corro contra o tempo para degustar melhor o próprio tempo. São limites para concretizar pensamentos e sonhos.

Crio tempo e limites por acreditar que, mesmo que nada fizesse, haveria um prazo a ser cumprido: a morte, deadline literal e voraz na perspectiva negativa. Tempero que dá gosto à vida, sob a ótica iluminada de um positivismo clichê.

 

 

Foto: "Portrait of a dead boy", de Matthias Heiderich.

 

+  http://www.flickr.com/photos/weirdandwired/sets/72157622528680472/with/2855940666/

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