Tudo o que a gente queria naquela noite, era cair na loucura infantil escondida em algum lugar secreto de nossas mentes. E para liberta-lá, somente a mistura de muitas bebidas que alegram a alma e aliviam a dor. Queríamos a noite negra...
Pois todo fim de semana era uma eternidade que se prolongava durante infinidades de infinitos, sem percebermos que tudo passava rápido e sem limites. Quando corríamos pela madrugada gritando, ouvindo os sons de nossas gargantas ecoarem pelas ruas sujas e negras, reverberando pelos telhados velhos, acordando quem em sono profundo estava, era só a mais pura alegria.
E riamos com prazer, imersos em nossa sandice positiva, evocando nossos ídolos literários mais imundos. Cantávamos nossas canções preferidas e nunca antes ouvidas nas rádios. Orgulhosos por sermos os guardiões de artistas desconhecidos até mesmo em seus países frios.
À noite, tudo era calmo e sereno. Tudo era como um sonho libertino e sem culpa. Com pedaços de carvão, escrevíamos frases desconexas nas paredes. Éramos poetas que se regozijavam com a chuva apagando nossos haikais medonhos. Tudo era possível em nossa virtualidade regida por Baco.
Mas o dia vem e desnuda nossas faces embriagadas. Ilumina nossas sombras preferidas de nossos becos queridos. Trazem consigo uma horda de pessoas normais, cheias de padrões simplórios e deprimentes. É quando nos apontam, nos julgam, nos chamam de nomes ruins. Pois somos contra o dia deles. Contra a luz deles. Contra o pensamento inerte deles.
E corremos para nossas casas, tristes e cansados, desejando uma outra dimensão, uma outra noite. Desejamos novas sombras e novas escuridões. A mais negra, a mais profunda escuridão. Pois somente assim, podemos fazer nossas pupilas brilharem como diamantes, como cristal, como ouro... Refletindo, em nossos marejados olhos, as estrelas no céu.
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