As mais bonitas “vistas de banheiros” do mundo*

segunda-feira, dezembro 20, 2010

 

As mais belas paisagens do mundo na ótica de quem usa vasos sanitários. Com esse mote, o fotógrafo inglês Luke Barclay foi até lugares distantes do mundo para revelar visões peculiares e de tirar o fôlego.

Sobre o tema, Barclay já está lançando sua segunda publicação de sucesso, intitulada “Good loo hunting” (caça aos vasos) em que captou as paisagens do rio Zambezi, da África, do Monte Sinai, do lago Titicaca, entre outros locais pitorescos. O anterior, igualmente bem aceito, chamou-se “Loos with views” (vasos com vista).

 

 

 

Mas apesar de ser uma notícia interessante, quase beirando o burlesco, não há novidade alguma em associar beleza e prazer ao ato da micção.

Em Primavera Negra, livro de 1936 do escritor norte-americano Henry Miller, o assunto foi bem explanado. Com sua verve literária habitual, que dispara milhares de frases vivas e viscerais por segundo, Miller delineou em palavras toda a essência e romantismo referente ao ato do que grosseiramente chamamos de “mijar”. Em outras palavras, dá ao leitor, uma grandiosa aula de como transformar em literatura uma boa mijada.

Vemos isso bem explicito lá pelo quarto capítulo, onde Miller conta sobre um dia perfeito de sol em que andava de bicicleta, até parar em um mictório público. Segundo o autor, “homens de muita atividade mental mijam em demasia”, começando assim um longo e poético tratado sobre o assunto. Ei-lo:

 

 

"Quantas vezes fiquei assim neste mundo sorridente e gracioso, com o sol caindo sobre mim e os pássaros chilreando loucamente, e encontrei uma mulher olhando-me de uma janela aberta, com seu sorriso esfarelando-se em pedacinhos moles, que os pássaros  recolhem com o bico e depositam, às vezes, na bacia de um mictório onde a água gorgoleja melodiosamente e um homem vem com a braguilha aberta e derrama o fervente conteúdo de sua bexiga sobre as migalhas que se dissolvem. Assim parado, com o coração, a braguilha e a bexiga abertas, eu pareço recordar todos os mictórios em que já entrei – todas as mais agradáveis sensações, todas as mais voluptuosas recordações, como se meu cérebro fosse um enorme divâ coberto de almofadas e minha vida uma longa sesta em uma tarde quente e sonolenta ".

 

E não pára por aqui: Henry continua por páginas e mais páginas falando sobre os “maravilhosos folguedos no lavatório”, tratados como momentos criativos e de contemplação, igualmente o mesmo estado de espírito buscado por Luke Barclay e mostrado em suas duas publicações.

 

*A ideia para este post veio desta notícia.

Nenhum comentário: