Um longo caminho até a alma!

quinta-feira, dezembro 23, 2010

 

 

Se o sol que está tão longe me conforta
Por quê você que está ao meu lado não o faz?
É um longo caminho até a minha alma
Se o céu quer o meu bem porquê você não o faz?
E como condenar alguém, que eu jamais deixei fugir?
Um dia eu vou buscar no espaço uma flor pra lhe presentear
Então me abraça e o sol já pode dormir
Enquanto eu penso em como vou retribuir
Então me abraça e o sol já pode dormir
Se o sol que está tão longe me conforta
Por quê você que está ao meu lado não o faz?
É um longo caminho até a minha alma
Se o céu quer o meu bem porquê você não o faz?
E como condenar alguém, que eu jamais deixei fugir?
Um dia eu vou plantar no espaço um jardim pra lhe presentear
Então me abraça e o sol já pode dormir
Então me abraça e o sol já pode dormir
Então me abraça e o sol já pode dormir
Então me abraça e o sol já pode dormir
Então me abraça e o sol já pode dormir

As mais bonitas “vistas de banheiros” do mundo*

segunda-feira, dezembro 20, 2010

 

As mais belas paisagens do mundo na ótica de quem usa vasos sanitários. Com esse mote, o fotógrafo inglês Luke Barclay foi até lugares distantes do mundo para revelar visões peculiares e de tirar o fôlego.

Sobre o tema, Barclay já está lançando sua segunda publicação de sucesso, intitulada “Good loo hunting” (caça aos vasos) em que captou as paisagens do rio Zambezi, da África, do Monte Sinai, do lago Titicaca, entre outros locais pitorescos. O anterior, igualmente bem aceito, chamou-se “Loos with views” (vasos com vista).

 

 

 

Mas apesar de ser uma notícia interessante, quase beirando o burlesco, não há novidade alguma em associar beleza e prazer ao ato da micção.

Em Primavera Negra, livro de 1936 do escritor norte-americano Henry Miller, o assunto foi bem explanado. Com sua verve literária habitual, que dispara milhares de frases vivas e viscerais por segundo, Miller delineou em palavras toda a essência e romantismo referente ao ato do que grosseiramente chamamos de “mijar”. Em outras palavras, dá ao leitor, uma grandiosa aula de como transformar em literatura uma boa mijada.

Vemos isso bem explicito lá pelo quarto capítulo, onde Miller conta sobre um dia perfeito de sol em que andava de bicicleta, até parar em um mictório público. Segundo o autor, “homens de muita atividade mental mijam em demasia”, começando assim um longo e poético tratado sobre o assunto. Ei-lo:

 

 

"Quantas vezes fiquei assim neste mundo sorridente e gracioso, com o sol caindo sobre mim e os pássaros chilreando loucamente, e encontrei uma mulher olhando-me de uma janela aberta, com seu sorriso esfarelando-se em pedacinhos moles, que os pássaros  recolhem com o bico e depositam, às vezes, na bacia de um mictório onde a água gorgoleja melodiosamente e um homem vem com a braguilha aberta e derrama o fervente conteúdo de sua bexiga sobre as migalhas que se dissolvem. Assim parado, com o coração, a braguilha e a bexiga abertas, eu pareço recordar todos os mictórios em que já entrei – todas as mais agradáveis sensações, todas as mais voluptuosas recordações, como se meu cérebro fosse um enorme divâ coberto de almofadas e minha vida uma longa sesta em uma tarde quente e sonolenta ".

 

E não pára por aqui: Henry continua por páginas e mais páginas falando sobre os “maravilhosos folguedos no lavatório”, tratados como momentos criativos e de contemplação, igualmente o mesmo estado de espírito buscado por Luke Barclay e mostrado em suas duas publicações.

 

*A ideia para este post veio desta notícia.

Foto do dia: Realidade e Fantasia

                                                                                Photograph: Michaela Rehle/Reuters

 

Hoje (19/12/2010) em Munique, na Alemanha, a fotógrafa Michaela Rehle captou algo especial.  Do lado real, uma menina desejava a fantasia do Natal. Do lado do reflexo, uma menina ansiava a realidade sem fantasias. Dois mundos que se refletem e se desejam.

Pensamento rápido do dia: envelhecer é preciso

Bill Murray/Saturday Night Live

 

Só para lembrar que o tempo passa rápido. Rápido como a melhor tarde de nossas vidas. Rápido como o seu sabor preferido de picolé em um dia quente. Pois quando menos imaginamos, os primeiros fios de cabelos brancos nos dizem "olá". Daí, determinados acontecimentos merecem menos importância. E pega mal ser além de velho, chato.

Cada minuto é um candidato para ser o último de nossas vidas. Todas as histórias já foram contadas. Elas apenas se repetem infinitamente com novos cenários, mas sempre com os mesmos personagens. Amanhã é sempre o último (ou o primeiro) dia do resto de nossas vidas. É só escolher.

 

Dois vídeoclipes que dispensam a música

domingo, dezembro 19, 2010

Não que estas duas belas canções pop, modernas e urbanas sejam ruins. Defendo apenas que são histórias visuais tão impactantes e com tantos significados que poderiam dispensar a música. Vejamos:

 

Madonna : What it feels like for a girl

 

O diretor do clip, Guy Ritchie (então marido de Madonna), optou pela versão remix do grupo Above & Beyond. Nele temos uma certa “estilização” da violência e da transgressão. Estes são dois aspectos negativos de qualquer meio social, mostram que, mesmo que de modo germinal, dentro de cada cidadão, de cada ser humano, há uma queda, um gosto pelo desrespeito e destruição. E o vídeo em questão, isso é posto para fora sem pudores, o que claro, criou uma polêmica e tanto na época de lançamento deste single.

 

 

Roger Sanchez - Another Chance 

 

Em um mundo em que o dinheiro, o corpo, o consumo e a busca incessante pela fama formam um comportamento cada vez mais padrão, qual o lugar para um “coração enorme”? Esse clipe tem a resposta!

The Breeders e a cidade de Arcoverde: uma ligação invisível

 

Quando se fala da cidade de Arcoverde (PE), lembra-se logo da banda Cordel do Fogo Encantado. Mas eu me lembro de umas longas férias por lá e de Kim Deal, baixista do Pixies. Foi por àqueles confins, que em 1998, ouvi Last Splash, segundo disco de sua banda, The Breeders.

Sempre vem à mente, o sol sem nuvens e as paisagens áridas. Os bois magros e as cabras sacolejando suas grandes tetas pelas ruas empoeiradas. As serras de pedras enormes e os lábios rachados de um noturno frio cortante.

Tive saudades da faixa “Invisible Man”, então procurei no youtube para uma rápida audição. Encontrei essa maravilhosa versão do gordinho Matt Gurley e achei fantástica. O rapaz manda bem e faz outras versões de outros clássicos indies via web cam.

Hoje, prestando um pouco atenção na letra, percebi que ela trata mais ou menos dessa mesma sensação de vida sobre lembranças de algum lugar quente, já que o grupo é oriundo de um interior norte-americano (Dayton,Ohio) com as mesmas referências.

He's the Invisible Man
Count the bubbles in your hand
The southern skies
And the summer sites

Compare com a original.

Mamelo Soundsystem: trilha para novas revoluções


Hip-hop para Trekkies? Sons urbanos para celebradores do caos na selva de concreto? Apreciadores da arte subversiva dos muros públicos? Tudo isso sim, mas com um groove que balança o coração para as novas ideias e a consciência que tudo é possível para àquele que tem na informação  livre, o seu alimento d´alma!


Então, fica a pergunta: você está acordado  e preparado para as "outras caixas de Pandora que irão cair"?










Gourmet: quadrinhos com sabor

quinta-feira, dezembro 09, 2010

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Já se sabe: leitura é um prazer solitário. Um momento entre você, as páginas, as letras e tudo o que se passa dentro da mente. E leitura não é só passar os olhos por infinitos grupos de caracteres. Não é só ler frases e frases, empanturrando-se de letras como se o cérebro fosse um estômago, crescendo em perspicácia.

Leitura é também ver. Sentir no cotidiano cada minúscula coisinha despercebida pelo senso comum. Ler os movimentos de tudo o que tem ao redor ou mesmo àquilo sem vida mas movimentado pelo o que a possui. E claro, também pode-se ler imagens.

De quadros em museus até pichações nas ruas, toda imagem pode passar pela degustação dos olhos, dando-nos novas idéias ou apenas se acomodando no fundo do inconsciente para futuras sinapses criativas. 


Em suma e sem delongas, sou da turma que acredita  na “literariedade” das citadas imagens e principalmente, das histórias em quadrinhos. Fábio Moon, um dos mais aclamados quadrinistas do Brasil, pode explicar melhor:

Pois bem, por isso defendo as HQ´s com unhas e dentes, mantendo um preconceito explicito e exacerbado por quem acha que é fissura nerd ou babaquice de adultos mal crescidos.

Tenho cá na estante, meus calhamaços de Graphic Novels lado a lado com os grandes clássicos da literatura, sem qualquer distinção. E orgulho-me de ver esses dois universos límpidos e pueris que sempre me levam à uma viagens fantásticas pelos caminhos do pensamento. Assim como outros títulos, do mesmo modo foi com Gourmet.

Só que este em especial, teve algo que pula das páginas. Quem quiser degustar a obra, tem que ter um interesse por outro consumo solitário: a culinária. Aqui tem que saber ler pelas papilas degustativas. Bem estranho, admito, mas verdade. E pessoalmente, quase senti os cheiros de cada refeição.

A obra é um sonho gastronômico sem começo e fim, com um personagem de nome oculto que se dá por suas atitudes discretas e pensamentos avaliativos de pessoas, comidas e restaurantes. É ainda um breve guia para conhecer costumes particulares e peculiaridades da cultura japonesa que só alguém que lá sempre viveu poderia relatar.



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Não é uma grande aventura, não é um amontoado de sequências explosivas, não é nada de extraordinário. É apenas obra de arte em quadrinhos que castiga o estomago através da descrição minuciosa dos alimentos apreciados pelo personagem. E voltando ao princípio, nele há solidão. Há resquícios de um relacionamento falido. E claro, as lembranças nostálgicas das pessoas que um dia amou associado aos lugares.

Um banco de praça, uma escada, um elevador, um parque, uma praia, uma calçada, uma avenida. Os objetos urbanos que são parte de sua trajetória quando associa acontecimentos à ele. Solitária também são as ruas, aqui exibidas como um fluxo de pessoas que passam, como um rio de almas cada uma com seu enredo de vida.

Em Gourmet, a grande companhia é o paladar e o grande barato é não imaginar cenas, já que elas se dão em ilustrações, mas sim imaginar cheiros e gostos exóticos de 18 pratos que muitos de nós talvez nunca chegaremos a experimentar.



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