Em um pequeno mundo de cristal liquido, sorria graciosamente. Um sorriso de apenas um segundo ecoando pela eternidade. Sorria por estar presa em milésimos de segundos congelados no tempo, sem a preocupação, sem pensar na falta de bens, sem o peso invisível de tudo aquilo que ainda lhe faltava na vida. Era a mais pura alegria que repousava no universo de seu cristal liquido, no fundo do bolso da calça. Também um seguro e confortável mundo à parte.
Mas, mesmo a boca e os olhos que juntos riem, que se acendem na noite escura, brilhando incandescentes como pirilampos de neon, mesmo esses olhos e bocas jamais conseguirão esconder as marcas que um coração encharcado de saudades possui. E o eterno sorrir contaminou-se novamente. E a vida árdua tomou conta novamente de cada partícula eletrônica sua.
Assim, sem pensar duas vezes, desejou profundamente que o lítio parasse de agir. E como tudo aquilo que se deseja fortemente acontece, a bateria chegou em sua carga mínima e finalmente, desligou-se.
[Caso não entende porríssima nenhuma do que eu disse, leia o texto]
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Você acreditaria se eu te dissesse que dois atores mirins, em seus 12 ou 13 anos cada, conseguem passar mais veracidade, elegância e (pasmem) sexualidade, conferida à situação do amor-impossível-entre-uma-pessoa-comum-e-um-ser-das-trevas? E se eu te dissesse que eles fazem isso de forma infimamente superior ao que muitos blockbusters que invadem nossas tvs, blogs, twitters e mente, sugerem?
A estupidez, a violência e a corrupção são alguns dos diversos elementos que tornam a “maldade homo sapiens” em algo que está no patamar de gerar o verdadeiro medo e terror no interior das almas inocentes. É o caso do filme “Deixe Ela Entrar” (Let the Right One In, 2008).
O monstro, não é uma garota estranha que ataca pessoas para sugar-lhes o sangue. O mostro, é a covardia de um bando de meninos, que sem nenhum motivo maior, escolhe um “xucro” entre os muitos pequeninos do playground, para lhe aplicar sovas e humilhações, dia após dia.
Por isso:
Se tudo que lemos ou assistimos deve ter consigo um fundo moral para nos auxiliar na dura tentativa do que pode-se chamar de vida, atrevo-me a conceber o seguinte fundo ético à película em questão: A maldade humana, sempre estará acima de qualquer monstro, seja ele de origem sobrenatural, alienígena ou resultado de uma mutação químico/cientifica.
E só para acresentar, deveras, digo hoje:
Desde “Carrie, a estranha”, nunca tinha visto um final tão visceralmente apoteótico quanto esse!
E por esse motivo, sozinho, no escuro do quarto, fiz “Clap, Clap, Clap!!!!”.
O grande questionamento a ser feito na saga Crepúsculo não é o fato de ser uma pobre produção sobre um romance adolescente-vampiresco. O que leva a tecer qualquer tipo de contestação é: Qual o grande motivo do alvoroço “burburínico” criado por uma legião de adolescentes famintas pelos personagens dessa adaptação?
Ok, não li o livro e nem pretendo. Não é o tipo de literatura que me apetece (assim como J.K Rowling e seu Harry Potter), mas me angustia esse frisson “beatlemaniaco” pela coisa em si.
Santo deus, adorar qualquer livro, filme, música, artista não faz mal a ninguém, é algo compreensível no universo de protuberâncias de espinhas que é a adolescência, mas isso é deveras, incompreensível:
O que me impressiona é como a indústria cultural ridiculariza algo tão elegante, inteligente e sexy como são as histórias de vampiros. Como é horrível rebaixar todo um clima gótico, com elementos de um horror romântico, em uma espécie de Rebeldes chupadores de sangue.
Antes de tudo, as garotinhas não deviam esquecer: Vampiros são seres diabólicos, guiados por Satanás. São filhos do mal mesmo, das trevas, do tinhoso, do coisa ruim. Só essa premissa, se fosse seguida à risca, já afastava uns 80% de púberes “suspirantes”.
Não apenas por isso, mas por outros elementos, a saga Crepúsculo torna o vampirismo em algo falso, adolescente, infantil, fruto de uma provável literatura que interpreta erroneamente o maligno.
Um vampiro é guiado essencialmente por um desejo nunca saciado de fome, sede, sangue e luxuria! Uma família de vampiros “vegetarianos” é inconcebível. E uma “família” é mais contraditório ainda!
Mas enfim, qual a explicação para o sucesso de um filme em que atores acham que interpretar um vampiro é somente ofegar profundamente, sempre olhando de soslaio?
Deus me perdoe, mas a única explicação dessa grande baboseira ter tamanho sucesso, só pode ser uma: A capacidade dos rapazes branquelos ou dos índios-lobos de perucas ouriçarem as …hum… meninas.
E só.
Mas esqueçam. Tenho 31 anos. Devo estar velho. Considerem a rabugice.
“Agora é a vez de Camaçari
assistir ao premiado espetáculo de Teatro Físico, “Grand Théâtre: Pão e Circo”.
Com 02 apresentações gratuitas no dia 21 de novembro, às 18:00h e 20:00h, no
Teatro da Cidade do Saber.
Também será oferecido um Workshop
de Teatro Físico, totalmente gratuito, com a atriz e diretora premiada Carolina
Kahro, para estudantes ou profissionais de artes cênicas (atores, dançarinos
artistas circense, etc). Aos interessados, as inscrições estarão acontecendo na
Cidade do Saber. Vagas limitadas.
Este projeto é patrocinado pelo
Fundo de Cultura - Secretaria de Cultura do estado da Bahia.”
Com um atraso de 01 ano e 06 meses após o lançamento, deixei meus ouvidos finalmente, pairarem sobre o álbum “You Cross my Path”, do The Charlatans. Essa demora aconteceu por um simples motivo: Nunca funcionou muito bem as músicas do grupo em meus headphones.
Mas enfim, do alto do 10º lançamento dos rapazes, e com meses de atraso, diga ao povo que finalmente eles acertaram a mão e fizeram um disco do caralho!
Os críticos mais ferrenhos disseram/dizem que “You Cross my Path” é New Order em sua fase mais moderna . Concordo: as linhas de baixo do Tio Hook estão por todas as músicas. Fica aquele ranço de não-novidade no ar, aquele sentimento de “só é bom porque decalcaram o Brotherhood!”.
Mesmo assim, dispense os preconceitos: os caras são dos anos 80, mas foram modernos o suficiente para entender e aceitar a cultura do download, disponibilizando o álbum completo na web!
Bem, para início de conversa, eu
também não sei. Só tenho consciência que será um novo clássico sci-fi. Teremos
que aguardar para descobrir. O filme é deJames Camerone estréia em 18 de dezembro.
Eis um tema que poderia facilmente dar pano pra manga, no que se refere a ficção cientifica. Infelizmente, por falta de recursos ou criatividade, pouca coisa (ou nada) foi feita.
Mas se artistas brasileiros não exploraram o tema, alguém tinha que faze-lo... E o autor francês Philipe Augier não titubeou, foi lá e fez... E com qualidade, diga-se de passagem!
"O.V.N.I. L'affaire Varginha" é o nome da produção e ainda não tem previsão de lançamento para o Brasil.
A pedra fundamental do estilo literário “Cyberpunk”, Neuromancer, de William Gibson, nunca ganhou as telas dos cinemas. Para os fãs mais ortodoxos, um alivio: adaptações cinematográficas costumam ser um desastre para quem lê um livro original.
E há de se concordar com os fervorosos leitores de Gibson: de onde, deus do céu, a produtora do filme tirou essas vespas? Em que momento do romance elas aparecem?
Com o corpo em frangalhos, cochilei no sofá. A TV conseguiu guiar sonhos rápidos na maluquice de um cérebro em frangalhos: Os comerciais, as falas dos dubladores, os socos sonoros e inexistentes. Tudo isso de olhos fechados, em mundos desenvolvidos pela mente e os sons de canais aleatórios.
Abrindo as pálpebras vagarosamente, um desenho animado. Terroristas tramando assassinatos, suicídios, pessoas injetando heroína em si mesmas, estupro, pedófilos, nazismo gratuito. Um desenho animado? Era a faixa de animações adultas, do canal I-Sat, oAdult Swim, com seu visceral Monkey Dust.
É basicamente uma série de vários esquetes rápidos e ácidos, politicamente incorretos, mórbidos e ao mesmo tempo satíricos, mostrando um lado cruel da sociedade. Monkey Dust é uma produção inglesa e li que gerou muita polêmica por lá pelo excesso de humor negro e por abordar de forma cômica, assuntos tão obscuros.
Ela é uma consultora de publicidade. Ela é uma coolhunter com uma intuição sem igual. Ela é um ícone da moda, mas você nunca vai ouvir falar dela, assim como nunca irá poder vê-la.
O que ela olha, sente na pele se vai ser tendência ou não. Ela é uma heroína que não luta, que não possui superpoderes. Tem somente o estranho dom de sentir as roupas, as ruas, os contornos dos óculos escuros das pessoas, as marcas das grifes. Sente tanto essas marcas que tem náuseas. Sim, uma profissional da publicidade com alergia a logotipos.
Uma profissional da publicidade alérgica à moda, mas que mesmo assim ama roupas. Suas próprias roupas e combinações, diga-se de passagem. E essas peculiares indumentárias tem um nome: "CPUs. Cayce Pollard Units". Preto, branco, cinza. Algo frio, algo quase invisível. Algo quase alien. Só se pode defini-lá como uma "zona livre e atemporal do design".
Seu anti-estilo, seu mix de influências, até mesmo o seu rosto, não vive no mundo real. Não que ela seja invisível, nem que é uma fantasma flutuando no éter. A questão é que ela vive no imaginário das pessoas que leram Pattern Recognition de William Gibson, ou até mesmo o No Logo, de Naome Klein.
Saca?
Cayce Pollard, “só existe na zona liminar entre a prosa de Gibson e os olhos da mente que não cansa de prever a história a cada instante”.
Consciente da atração sem sentido dos insetos pela luz, essa esperta lagartixa, dentro de um lustre, fez sua morada. Longe dos perigos dos muros, longe da mira afiada de crianças caçadoras de répteis com seus badoques em punho e longe das inóspitas dobradiças de portas, em sossego, farta-se em seu eterno e iluminado banquete.
O Sol nasceu, então deve morrer Apenas as sombras me confortam. Eu sei que na escuridão, eu vou te encontrar, desistindo por dentro como eu. Cada dia deve terminar, como ele começa E pensar que você está distante de mim Eu sei que na escuridão, eu vou te encontrar, desistindo por dentro como eu.
Se há algo que me chateia profundamente nos dias que se seguem, é a recusa velhaca de ir a um show de rock and roll. A falta de entusiasmo adolescente correndo nas veias. Oh meu deus, juro que não sou um jovem ancião ou virei um cristão radical e ortodoxo!
O motivo maior é o fator “poucas são as bandas que me fazem ‘arrepiar’ os ouvidos”. Infelizmente (e sem críticas ardorosas, já que todo mundo tem direito a escutar o que bem entender), não me agrada a cena rocker atual da Bahia.
Principalmente, as bandas com grande respaldo midiático. Simplesmente, elas não funcionam em meu cérebro e não me dão vontade alguma de sair de casa para suas apresentações. Claro que há algumas exceções. E apenas o número de dedos de uma das minhas mãos podem fazer esse pequenino censo.
E qual não foi o meu espanto ao ouvir, finalmente, algo tão próximo (geograficamente falando) e tão criativo quanto Teclas Pretas. Algo que vai me impulsionar a sair de casa novamente e estar “in loco” conferindo uma apresentação ao vivo desse pessoal.
Não sei especificar exatamente o que essa banda soteropolitana pretende com sua música, nem o que me fez cair em suas graças, mas posso afirmar simplesmente, que é o trabalho musical mais inventivo e experimental (sem ser chato e cheio frescuras) surgido nos últimos 10 anos aqui, nessa (ainda) província chamada Bahia.
O que pude perceber, foi uma musicalidade tão própria e ao mesmo tempo tão “já ouvi isso antes” (no sentido positivo de beber das boas e clássicas águas que o rock já fez fluir). Talvez sejam os ecos de algo psicodélico, algo de garagem sixties, algo folk, algo pop ou algo bom!
Quem era adolescente na soterópolis dos anos 90, saca muito bem o vocalista. Muito moleque sem juizo subiu no palco para simplesmente fazer bagunça. E talvez chegue um momento que ele vai se encher e dizer: “Parem com a ladainha de sempre comentar ‘Glauber, ex-Moskabilly, do clássico grupo psychobillie The Deadbillies’”.
Mas como não citar? Quem conhece, sabe que Glauber arrebentava na voz, na performance de palco e que tudo que se mete, pode ter certeza, vai ser algo de qualidade.
Pois bem, como perceberam, não consegui definir os caras. Mas acho que o super engraçado release deles lá no Last.FMpode resolver. Claro que ao ler o release, percebe-se que nem eles tem idéia do que pretendem, mas ao menos despertam a curiosidade de ouvi-los.
É ótimo saber que a cena local baiana se renova e ainda tem qualidade. Começando pelos clipes. Saca só:
Ainda melhor, é ver que há uma crescente e esperta turma que tem talento para produzir clips como esse. Prova maior foi a Oficina Geração Bit, que lançou essas produções. Recentemente (19/10/2009) houve a primeira exibição pública, que aconteceu no contexto do já tradicional Festival de Cinema da SaladeArte, em Salvador, Bahia. Esses novos talentos do videoclipe baiano, mostraram que vieram para fazer a diferença de verdade.
E não só a Teclas Pretas participaram desse trabalho. Tiveram outros grupos como Retrofoguetes, Yun-fat, Copyraite e Nancy. O projeto foi produzido com o apoio do Fundo de Cultura.