By Bill Pyle
Ok ok ok.
Acabo de chegar do cinema e vejam só, os pelos do corpo estão mais
ouriçados do que meu gato quando se defronta com o cachorro ensandecido do
vizinho. O coração ainda bate forte e não sabe ao certo o que vi para fazê-lo
trabalhar a todo vapor.
Meu estômago revira como uma lavadeira de roupas envenenada movida a
nitro. O sangue corre pelos tubos das veias, pulsa numa jornada rápida por
todos os órgãos que precisa irrigar, levado por uma adrenalina sem precedentes,
desenfreado.
Em resumo, tudo dentro de mim está como se recebesse um único e visceral
aviso extraordinário: FUJA! Mas exatamente do que?
Cara, eu sempre soube que o demônio andava pela Terra, que passeava por
aí fazendo diabruras e se deliciando com o caos. Mas o que eu não sabia, é que
o danado tinha se materializado em corpo de homem. Para ser mais exato, na pele
de um homem famoso no mundo da TV e do cinema; Um homem que conseguiu fazer com
que as inicias de seu nome fossem sinônimo de aventuras bem feitas, com
mistérios tão saborosos e envolventes, que hipnotiza qualquer um que fique
trinta segundos assistindo as suas produções. Pois bem meus amigos,
apresento-lhes o diabo, e ele se chama J.J. Abrams.
Só por citar Lost (sua principal cria), dispensa o desperdício de comentários
já batidos e cheios de clichê. O cara que produz o seriado mais visto em todo
planeta, é o cabeça, é a matrona, é o maestro infernal do fim do mundo que é o
maravilhoso Cloverfield. Claro que apesar de todo o seu poder, J.J não
orquestrou o pandemônio sozinho; chamou Matt Reeves (diretor) e Drew Goddard (roteirista)
para lhe ajudar na árdua tarefa de fazer nós, míseros espectadores comedores de
combos de pipoca, cagarem-se de medo.
Estes foram espertos e simples: misturaram a agonia de medo-com-câmera-caseira-e-tremida
de "A bruxa de Blair", imagens de destruição com prédios esfarrapados
(resquícios subconscientes do ataque terrorista de 11 de Setembro) e uma
pitadinha de nada de um Godzilla com grito estridente. O resultado? A
reinvenção do gênero "Terror" no século 21. Abrams-Reeves-Goddard
fundem-se num só corpo e cospem na nossa cara como um bom filme de terror
moderno deve ser. Chacoalha nossos nervos de antigos espectadores passivos e
sem nos tirar da cadeira, nos insere impiedosamente dentro da destruição e do
pavor. Nos faz sentir a fria e pegajosa língua da morte em nossa nuca, em sequências
infinitas e desconcertantes. Vampiros, lobisomens, múmias, espíritos, ets e
etc. Quem ainda se assusta com isso?
Posso ter exagerado na dose, posso ter descrito o filme de uma forma
extravagante e sem muito embasamento crítico. Falem o que quiserem, que o troço
é blockbuster, que é filmão de garotada de shopping, que sou mais uma presa
idiota das armadilhas mercadológicas de Hollywood... Mas convenhamos: se é para
cair como uma mosca tonta numa armadilha para insetos, ao menos me iludam de
forma eficiente, assim como J.J Abrams fez no cinema, assim como o diabo fez
com Adão e Eva.
Links
Site oficial: http://www.cloverfieldmovie.com
Resenha do Blog do Cardoso:http://www.carloscardoso.com/2008/01/24/cloverfield-ou-godzilla-no-dos-outros-e-refresco/
Um comentário:
Se eu não tivesse assistido ao filme, ao ler isso daqui, provavelmente mataria minha primeira aula na faculdade para assisti-lo.
Parabéns!!!
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