Em 1986, ganhei um radinho de pilha verde e amarelo, com o tema da copa do mundo. Captava além das tradicionais frequências AM/FN, as internacionais ondas curtas
Era incrível ouvir pessoas de outros países, conhecer palavras incompreensíveis, tocando musicas estranhas das regiões inimagináveis. A melhor captação das transmissões se dava pela noite. Foi certamente o meu primeiro contato (através de um aparelho eletrônico) com o mundo.
Lembro como aquilo me fascinava, como me sentia privilegiado por estar "conectado" de alguma forma com o que estava acontecendo naquele exato momento do outro lado do mundo. Cada milímetro do dial era uma experiência sonora diferente.
Nestes, houve um episódio de "Lost" que terminava com Sayid e Hugo ouvindo um rádio em ondas curtas, na beira da praia. Saiyd dizia "Essa transmissão pode estar vindo de qualquer lugar do mundo", ao passo que Hugo de pronto respondia: "Ou qualquer lugar do passado!".
Ouvir rádio hoje em dia, já não é tão fascinante. Ainda mais em ondas curtas. E depois de inovações tecnológicas como a internet, o mp3 player e o tal "Roku Network Music Player & Internet radio", o costume é mais que démodé.
Mas eu, vindo de uma outra época, uma mais low-tech, tenho outros olhos. Usufruo as iguarias cybers atuais de forma muito mais profunda e completa. E as míticas "short waves" não mais fazem sentido.
Pelo menos se você não estiver numa ilha deserta, aguardando um resgate, que talvez nunca aparecerá.
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