Perguntei ao guitarrista Igor: “O que vocês tocam?” Ele: “Som instrumental, como uma trilha sonora pra filme, saca?”. Eu disse: “Tipo Mogwai”? Ele: “Não conheço. Mas gostamos muito de Mars Volta!”.
Esse diálogo se deu na ultima edição da festa Shift (08.09.2010), que aconteceu na Zauber, em Salvador-Ba, um pouco antes da apresentação da Peito de Planta, banda que eu não sabia exatamente do que se tratava, nem tão pouco sua proposto.
O fato é que os moleques me deixaram completamente boquiaberto e com os pêlos ouriçados, tamanha era a energia do pessoal (meu deus, como é bom usar essa palavra!)
Alguém tinha me dito que era algo psicodélico. Mas psicodélico era só a ponta de um gigantesco iceberg, que vai até as profundezas do oceano de emoções que uma guitarra, um baixo, uma bateria e um bongô podem proporcionar. A Peito é (mesmo que não aceitem) adepta do que atualmente se convencionou como Post-Rock.
Sem uma única canção com vocal, Igor deixa que sua guitarra grite, esperneie e declare palavras desconexas aos ouvidos, mas que fazem todo sentido aos poros, proporcionando um clima surpreendentemente cinematográfico.
Com notas seguras (não sei se de improvisos ou já estabelecidas), o grupo projeta filmes em nossas mentes, nos levando a um ambiente envolvente, hipnótico, chapante, quase surreal, com o vigor rock and roll que faz muita falta nesses tempos de bandas de calças multicolores.
Decididamente, a PDP é um agradável achado, que merece todo o crédito pela inventividade e pela coragem em se absterem de um vocalista. Aqui, apenas um rock visceral de tirar o fôlego é a principal estrela, o que lhes tornam dignos de um urgente reconhecimento!