Noite passada, os poros minavam suor e os pensamentos eram pregos dentro de um liquidificador. O sono teimava em não chegar. Parecia não querer aquietar a mente. Parecia querer que eu acordasse completamente atordoado para o trabalho. O sono, pouco se lixava para quem eu era ou a minha necessidade de descanso.
Na alta madrugada, em um delírio do quase-adormecer, Hunter S. Thompson apareceu-me. Sentou-se na cama, agachou-se ternamente até o meu ouvido (como um pai que vem desejar boa noite ao filho), e balbuciou tão perto, mas tão perto, que sentia o calor do seu bafo de cigarro e uísque misturados às suas palavras. E as palavras foram: “Aquele que faz uma besta de si, livra-se da dor de ser um homem!”.
Perplexo, nada disse.
Apenas imaginei profundamente a frase como uma estrada que me levaria a uma espécie de perfeição ante o bizarro. Uma força motora que poderia me libertar e me fazer único. Um super poder para uma escrita sem limites. Um raio que desperta não um monstro, mas um prodígio.
Delírios, somente delírios…
Então, finalmente, adormeci...
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