Não quero dar resumos, nem tão pouco resenhas. Afinal, não é meu objetivo relatar sobre nada. Quando comento filmes, nunca é a mera descrição do enredo, limitando-me a dizer se é bom ou ruim. Afinal, quando um amigo nos diz se um determinado produto é de boa qualidade, confiamos.
Poderia então, apenas resumir: é bom. Mas talvez eu não seja seu amigo o suficiente para que confie nas minhas palavras. Talvez, se eu te disser sobre os sentimentos que o filme provoca, aí sim você pode até pensar em querer assisti-lo. Enfim, quero dizer apenas que acabo de assistir “Up – Altas Aventuras”, assegurado-lhe que o filme em questão é muito mais que uma produção engraçada e cheia de aventuras, da produtora Pixar.
Afirmo com toda a certeza do mundo (levando em conta que sua índole é comum e que acredita nas coisas belas da vida como amor, amizade e simplicidade), que nos dez primeiros minutos da animação, seu coração vai explodir e seus olhos vão se encharcar de tanta beleza. E do alto dos meus 31 anos, te garanto que expor-se ao feitiço de algo tão infantil vai te fazer muito bem.
É um daqueles filmes que usam a fantasia para ensinar a nos apegarmos às coisas mais simplórias da vida, o que conseqüentemente, aprendemos com o tempo que são estas, as mais fascinantes. Se há uma moral aqui, está é a capacidade consciente dos tesouros que nos rodeiam e que erroneamente tachamos como algo sem valor, sem grande significado em nossa história de vida. A correria dos tempos que passa, as pressões diárias, a massa midiática impondo qual o padrão de beleza, de riqueza e, o pior: de felicidade.
O medo de sermos medíocres, de não ter o mesmo carrão do nosso vizinho, de não possuir as ultimas novidades da tecnologia ou da moda, de não estarmos antenados às novas tendências criadas por uma industria faminta por dinheiro, que inventa todos os dias sempre uma nova necessidade para fazer parte o nosso dia-a-dia cada vez mais desumano. Coisas e coisas e coisas que nos apegamos. Objetos mais significativos do que sentimentos. Mais valiosos do que sentir tudo ao redor.
Claro que nem todos os objetos são apenas objetos. Existem aquelas coisas sem vida que carregam consigo um momento eternizado. Uma foto de um alguém querido na carteira, um ingresso de um cinema, uma pétala recebida com amor, a embalagem da bala de hortelã que deu o gosto único do primeiro beijo naquela pessoa dos seus sonhos. Pequeníssimas, minúsculas, irrelevantes, quase invisíveis coisinhas que agregamos a mais pura e completa vida.
A maravilha de nossa era tecnológica atual é a possibilidade de nos conceder a conveniência dessa verdadeira elevação do espírito, que é entender que a grande aventura do viver está nas coisas ínfimas da vida. Isso nos poupa o trabalho de não deixar que os anos passem rápidos e que, só lá no final, quase no ultimo capitulo de nossa existência, possamos perceber o tempo desperdiçado em desejos inventados por outros.
Assista. Você vai entender o que estou dizendo!
2 comentários:
Lindo texto, Daniel. Minha ansiedade pra assistir Up aumentou!
Putz, eu recomendo!
E tente a versão original. Ví umas cenas dubladas com a voz do Chico Anisio e tá meio sem graça.
Fora que as vozes dos cachorros são impagáveis!!!
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